A notícia de um investidor árabe que planeava investir mais de um milhão de euros no concelho, após comprar uma quinta para futuro turismo rural, foi bem recebida na região.
O empresário Fares Nasser adquiriu a Quinta Nova do Soutal, com o objetivo de a transformar numa unidade turística, como contou à agência Lusa, através do seu representante legal em Portugal.
A compra deu-se em 2019, depois de outros investimentos, nomeadamente em Góis, distrito de Coimbra.
No ano passado, para o projeto avançar, procurou um caseiro, uma pessoa que cuidasse da quinta e realizasse alguns trabalhos, não apenas no imóvel, como também no jardim, e acabou por aceitar a oferta de Rui de Sousa, com quem nunca chegou a fazer um contrato.
Este indivíduo pediu-lhe mais tarde para morar num dos imóveis da quinta, com a mulher e um filho, o que o empresário, residente em Omã, aceitou.
Trata-se de um casal que está a ser investigado pelas autoridades portuguesas após acusações de pessoas que o acusa de burla com donativos para ajudar pessoas e animais na Ucrânia.
Fares Nasser afirma que avançou várias quantias de dinheiro, esperando em troca a realização de trabalhos e a respetiva aquisição de materiais, mas foi sabendo por várias pessoas da região que afinal o trabalho não estava a ser feito, nem o material, para o qual pedia dinheiro, estava a ser adquirido.
“Existia um grande desencontro entre o que ele dizia que fazia e o que aparecia feito”, adiantou o empresário.
Ao mesmo tempo, o empresário foi sabendo que Rui de Sousa cortara várias árvores, para alegadamente vender a madeira, o que terá feito sem autorização e apropriando-se do montante da madeira.
Confrontado com a situação, recusou sempre dar qualquer explicação e o caso piorou quando o empresário alegou que não tinha confiança para manter a relação profissional, contou Nasser.
Rui de Sousa não aceitou e, em finais de 2021/22, recusou-se a sair de casa, alegando que não tinha para onde ir.
Seguiu-se um período de acesas trocas de mensagens entre o empresário, o advogado e Rui de Sousa, até que este teve mesmo de sair, embora tenha alegadamente levado consigo vários bens entretanto adquiridos por Fares Nasser e deixado a casa bastante destruída, sem torneiras, portas, janelas, móveis, entre outros bens.
Antes disso, e após o proprietário da quinta ter ordenado a suspensão do abastecimento de água e luz, terá realizado ligações ilegais e ativado indevidamente os contratos.
O empresário apresentou uma queixa nas autoridades, correndo atualmente um processo-inquérito no DIAP - Secção de Santa Comba Dão, por furto de bens.
O caso levou o empresário a ponderar desistir de investir em Portugal, principalmente após constatar a “inoperação das autoridades” e a dificuldade em alguém fazer o que quer que fosse, mesmo perante a ocupação indevida da casa e o roubo de bens, a que várias pessoas terão assistido.
Fares Nasser pondera vender a quinta pelo valor que comprou e ir investir os 1,2 milhões de euros em outra região.
A Lusa tentou, sem sucesso, ouvir Rui de Sousa, bem como o presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, município onde o investimento ia ser realizado.
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