Já com uma promessa de trabalho em Portugal, duas cidadãs do Afeganistão vão ser retiradas daquele país através de um corredor humanitário, diz o jornal ‘Expresso’. A garantia terá sido dada esta terça-feira aos sócios das duas empresas empregadoras pelo Alto-Comissariado para as Migrações, que terá pedido o envio de documentação das duas mulheres.
Uma empresa tecnológica fez contrato com uma mulher de 29 anos, que há dois dias foi contratada para ser programadora informática em Portugal. A outra mulher tem 23 anos e foi contratada por uma consultora.
Esta jovem respondeu a um anúncio da empresa de Filipe Vasconcelos, que recorreu à rede social Twitter para pedir ajuda para a trazer para Portugal.
“Ela tem um contrato assinado connosco. Para todos os efeitos é agora uma colaboradora de uma empresa portuguesa que precisa de repatriamento”, disse, ainda na segunda-feira, ao ‘Expresso’ o sócio da empresa de Oeiras.
NNa semana passada, o governo português disponibilizou-se para acolher meia centena de afegãos — mas, agora, o ministério da Defesa diz já ter “capacidade e disponibilidade para ultrapassar esse número”.
Entre os cidadãos afegãos elegíveis para serem acolhidos por Portugal, o ministério da Defesa frisa que, “em primeiro lugar”, serão recebidos os cidadãos que colaboraram com a Força Nacional destacada no Afeganistão - como, por exemplo, interpretes - estando essa identificação “em curso”.
Além disso, Portugal participa também no “esforço de acolhimento dos cidadãos afegãos que colaboraram noutros enquadramentos da NATO e também com a União Europeia (UE), designadamente no apoio à embaixada em Cabul e em projetos de cooperação para o desenvolvimento”.
“Os serviços competentes estão a proceder à identificação das famílias que serão acolhidas em território nacional, bem como à preparação das modalidades e calendário para esse acolhimento”, refere o Ministério.
Portugal irá ainda acolher cidadãos afegãos “no quadro de operações de proteção conduzidas pelas Nações Unidas”, sendo que o Ministério afirma também estar a “receber e analisar pedidos de acolhimento dirigidos diretamente a Portugal, designadamente por pessoas e grupos profissionais em situação de particular vulnerabilidade ou risco”, elencando “jornalistas, mulheres juristas, estudantes” ou “ativistas de direitos humanos”.
“O anúncio relativo às modalidades de acolhimento e calendário preciso de chegada dos cidadãos afegão a Portugal serão, por isso, divulgados oportunamente”, salienta.
Na quarta-feira, o ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que já foram retirados os 20 cidadãos portugueses que exerciam funções na delegação da UE, na NATO e no aeroporto civil do Afeganistão.
“Concluiu-se, deste modo, a evacuação dos cidadãos portugueses que se encontravam, por razões de trabalho, no Afeganistão”, anunciou o Ministério, num comunicado.
Os talibãs passaram a controlar Cabul no dia 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
*Com Lusa
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