“O que temos identificado é também uma grande capacidade de resistência e de luta por parte deste setor, que tem a legítima expectativa de ver resolvidas as suas aspirações”, disse Vasco Cardoso, membro do comissão política do Comité Central do PCP, à margem de uma conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.
O partido manifestou-se também “naturalmente disponível para contribuir para a resolução dos problemas dos enfermeiros”, acrescentou, apontando que “é por esse objetivo” que se tem “vindo a bater”.
Questionado pelos jornalistas sobre a nova greve dos enfermeiros, que irá decorrer durante o próximo mês, Vasco Cardoso começou por afirmar não querer pronunciar-se “sobre as formas de luta encontradas pelas organizações sindicais”, mas sim reafirmar “a solidariedade e o compromisso do PCP na luta pela defesa do Serviço Nacional de Saúde”.
Para os comunistas, disse, esta luta “envolve necessariamente a valorização da carreira dos enfermeiros e a sua justa remuneração”.
Os enfermeiros vão estar em greve total entre os dias 02 e 30 de abril, em Portugal Continental, nos Açores e na Madeira, segundo o pré-aviso hoje publicado pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor).
O Sindepor, na justificação dos motivos da greve, exige a continuidade das rondas negociais respeitantes ao diploma legal da carreira especial de enfermagem, a revisão/reestruturação da carreira, que o diploma legal seja aplicado a todas as instituições do setor público e “a todos os enfermeiros que nelas exercem, independentemente da tipologia do contrato”.
Além da revisão da carreira especial de enfermagem, o Sindepor defende a “justa e correta contagem dos pontos para efeito de descongelamento das progressões, a todos os enfermeiros, independentemente do vínculo”, a “correta aplicação da legislação e pagamento do suplemento remuneratório a todos os enfermeiros especialistas em funções e a admissão de mais profissionais.
Esta é a terceira greve dos enfermeiros decretada nos últimos quatro meses: a primeira abrangeu os enfermeiros em blocos operatórios e decorreu entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018 e a segunda teve igualmente enfoque nos blocos operatórios e decorreu entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro.
A meio de fevereiro, a Procuradoria-Geral da República considerou a primeira greve ilegal, por não corresponder ao pré-aviso e porque o fundo usado para compensar a perda de salário não foi constituído, nem gerido pelos sindicatos que decretaram a paralisação.
Na segunda greve, o Governo decretou uma requisição civil para quatro dos dez centros hospitalares alvos da paralisação, justificando com o não cumprimento dos serviços mínimos.
A greve hoje marcada para entre 02 e 30 de abril já tinha sido anunciada pelo Sindepor no dia 07, sem que na altura tenha ficado definido o período abrangido.
Comentários