Segundo Erdogan, que falava na cimeira do G20, em Buenos Aires, só o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, é que abordou a questão durante a reunião de líderes dos 20 países mais industrializados do mundo, e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, deu “uma explicação em que dificilmente se acredita” sobre o papel da Arábia Saudita nesse caso.

Apesar de o Presidente turco nunca ter abertamente acusado o príncipe Salman, ele tem afirmado que a ordem de matar o jornalista emanou das “mais altas esferas”, embora descartando qualquer responsabilidade do rei Salman.

Mohammed bin Salman, suspeito de ser o mandante do assassínio de Jamal Khashoggi, era um dos protagonistas mais aguardados no encontro de sexta-feira e hoje, em Buenos Aires, dos chefes de Estado e de Governo das 20 maiores economias do mundo.

O homicídio de Khashoggi desencadeou uma onda de choque mundial e manchou consideravelmente a imagem da Arábia Saudita.

Até agora, o procurador-geral saudita acusou formalmente 11 pessoas — de um total de 21 suspeitos — e pediu a pena de morte para cinco delas, mas ilibou totalmente o príncipe herdeiro.

Vários países, entre os quais o Canadá, os Estados Unidos, a França e a Alemanha, adotaram sanções financeiras contra sauditas “suspeitos de serem responsáveis ou cúmplices” neste caso.

Mohammed bin Salman sob mira

A CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, tomou conhecimento de uma série de mensagens enviadas por Mohammed bin Salman, horas antes e depois do assassinato de Khashoggi, ao assessor que supervisionou a operação, informou hoje o "Wall Street Journal".

O jornal publicou trechos do relatório secreto da CIA segundo o qual príncipe herdeiro "provavelmente" ordenou a morte do jornalista saudita. O relatório informa que o príncipe escreveu pelo menos 11 mensagens ao seu assessor mais próximo, Saud al-Qahtani, que supervisionou a equipa de 15 homens enviados à Turquia para assassinar Khashoggi.

O conselheiro real foi demitido e acusado formalmente na Arábia Saudita de ter desempenhado um papel central no caso. Al-Qahtani comunicou diretamente com o líder da equipa durante a operação, segundo a CIA, publicou o jornal, que não especifica o tipo de mensagem.

A CIA ignora o conteúdo das mensagens enviadas, mas o seu relatório conclui, com um grau de certeza "de moderado a alto", que o príncipe "visou pessoalmente" Khashoggi e que, "provavelmente ordenou o seu assassinato".

"Faltam informações diretas que mostrem que o príncipe herdeiro emitiu uma ordem de assassinato", assinala o relatório.

Os espiões americanos também informam que o líder saudita disse a pessoas próximas, em agosto de 2017, que, se não podia levar Khashoggi para a Arábia Saudita, "eventualmente poderíamos atraí-lo para fora do país", o que "parece antecipar a operação saudita lançada contra Khashoggi".

O conteúdo exato do relatório da CIA é amplamente discutido em Washington desde que o presidente americano, Donald Trump, declarou publicamente que o serviço de inteligência "não encontrou nada absolutamente certo".