A formação “inédita” de literacia para os media vai ser dada, a partir de hoje, na Escola Básica e Secundária do Cerco por jornalistas e académicos da área dos media e vai prologar-se, numa primeira etapa, até dia 31 de agosto de 2020, lê-se no memorando de entendimento a que a Lusa teve acesso e que vai ser assinado hoje pelo diretor-geral do Ministério da Educação, José Vítor Pedroso, e pela presidente da direção do Sindicato de Jornalistas, Sofia Branco.

A formação, que deverá chegar a cerca de 100 professores de 40 agrupamentos escolares de cinco regiões em Portugal - Faro, Évora, Lisboa, Águeda e Porto, acontece “num tempo em que temáticas como as ‘fake news’ estão na ordem do dia, e em que o poder das redes sociais emerge”, defende o Ministério da Educação, numa nota enviada à Lusa, no qual refere que é urgente formar cidadãos informados, conscientes e participativos para o futuro coletivo, com o cada vez maior desenvolvimento de competências de professores e de alunos nas matérias de consumo informado e crítico dos conteúdos difundidos pelos media.

No memorando de entendimento considera-se a necessidade de formar, de maneira contínua, docentes e formadores e dotá-los de capacidades adequadas ao panorama mediático atual, lembrando que as pessoas educadas para os media “são capazes de fazer escolhas informadas, compreender a natureza dos conteúdos e serviços e tirar partido de toda a gama de oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias das comunicações, estando mais aptas a protegerem-se e a protegerem as suas famílias contra material nocivo ou atentatório”

Em Portugal, segundo o relatório de “Públicos e Consumos de Media", promovido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), verificava-se que, em 2014, 67% das pessoas eram utilizadoras de Internet e que 60% da população confiava nas notícias, um número que descia para 55% na faixa etária de 18-24 anos, mas que permanecia acima da média dos países abrangidos pelo estudo (45%).

Com este protocolo, o Sindicato de Jornalistas pretende ser um “elemento de ligação entre as redações e o ensino, contribuindo para a efetivação da estratégia de educação para os media", refere a mesma nota.

O programa de "Literacia para os Media" destina-se a docentes e alunos de estabelecimentos de ensino público do 3.º ciclo e do Ensino Secundário ligados a projetos de media nas escolas e professores bibliotecários e vai arrancar com os formadores Manuel Pinto/Daniel Catalão, João Figueira/Miguel Midões, António Granado/Sofia Branco, Miguel Crespo/Paulo Barriga, Vitor Tomé/Isabel Nery, tendo o alto patrocínio do Presidente da República.

As sessões de formação vão ter uma componente teórica de oito horas e uma prática de 12 horas, disponibilizando aos docentes metodologias, recursos e ferramentas para usar nas atividades de Literacia dos media em contexto de sala de aula.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e a presidente do Sindicato dos Jornalistas vão estar hoje na Escola Básica e Secundária do Cerco para participar no arranque da formação, onde a primeira aula vai estar a cargo do professor da Universidade do Minho Manuel Pinto e do jornalista Daniel Catalão.