“Esperamos que o PS tenha aprendido com a anterior maioria absoluta do PS que manifestamente correu muito mal, esperemos que esta seja diferente do que foi anterior”, afirmou Rui Rio, no final de uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que conclui hoje a ronda com os oito partidos que conseguiram representação parlamentar nas legislativas de domingo, tendo em vista a indigitação do primeiro-ministro.

Questionado se admite que o regresso dos debates quinzenais, como defenderam hoje IL e Chega, poderia ser útil com um Governo com maioria absoluta, Rio referiu que a sua posição contra este tipo de discussões foi tomada por convicção.

“Uma vez que temos uma maioria absoluta, concordo que o escrutínio do Governo por parte da Assembleia da República deve ser mais apurado, mas estou a falar em escrutínio e fiscalização, não em espetáculo parlamentar para abrir telejornais, que isso não é escrutínio nenhum”, afirmou.

Rui Rio, que admitiu no domingo poder deixar a liderança do PSD devido aos resultados eleitorais, mas hoje deu a entender que ainda se manterá em funções por alguns meses, manifestou-se favorável a uma presença assídua das equipas ministeriais no parlamento e a uma oposição “mais acutilante”.

O presidente do PSD defendeu que o regimento da Assembleia da República já prevê “debates desse género” e que não tem sido cumprido.

“Mas não estou a falar de lá chamar o primeiro-ministro semana sim semana não e fazer perguntas lá do fundo da sala”, disse.

“Se quiserem reforçar um bocadinho, pode-se reforçar um bocadinho, para fazer espetáculo não contem comigo”, disse.

Na audiência, que durou menos de uma hora, acompanharam Rui Rio os vice-presidentes Ana Paula Martins, André Coelho Lima e João Moura.

“Como toda a agente entenderá, esta reunião é para cumprir um preceito constitucional. O Presidente da República deverá indicar e nomear o secretário-geral do PS para primeiro-ministro e obviamente vemos isso com a maior das naturalidades, não temos nada a dizer quanto a isso”, afirmou, no final, Rui Rio.

Pouco depois de terminar o encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio e ter entrado a delegação do PS, fonte da Presidência da República informou que o secretário-geral do PS, António Costa, vai reunir-se hoje por videoconferência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, após este ter ouvido os partidos com assento parlamentar, tendo em vista a indigitação do primeiro-ministro.

António Costa iniciou na terça-feira um período de sete dias de isolamento, por ter testado positivo ao vírus que provoca a covid-19.

O PS venceu com maioria absoluta as eleições legislativas de domingo, em que obteve 41,7% dos votos e 117 dos 230 deputados em território nacional – estando ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração.

O artigo 187.ª da Constituição da República Portuguesa estabelece que "o primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".