“Foi a Câmara Municipal de Odivelas que, à semelhança da Câmara Municipal de Lisboa, fez o pedido de apoio” para a abertura da estação de Odivelas durante a madrugada, informou à agência Lusa fonte do Metropolitano de Lisboa, que opera sobretudo na capital, mas tem também estações nos municípios de Odivelas, Amadora e Loures.

No âmbito da decisão do município de Lisboa, sob presidência de Carlos Moedas (PSD), de ativar na terça-feira o Plano de Contingência para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, as estações de metro de Santa Apolónia, Oriente e Rossio encontram-se abertas durante a madrugada, desde terça-feira (9 de janeiro) e até domingo (14 de janeiro), prestando apoio a estas pessoas das 23:00 às 06:30.

Fonte da Câmara Municipal de Odivelas, presidida por Hugo Martins (PS), confirmou à Lusa que fez o pedido ao Metropolitano de Lisboa para abrir a estação de Odivelas durante a madrugada, para disponibilizar apoio às pessoas em situação de sem-abrigo devido ao tempo frio.

O pedido foi feito em articulação com o município de Loures, presidido por Ricardo Leão (PS), possibilitando o encaminhamento de pessoas em situação de sem-abrigo desse concelho para a estação de Odivelas, indicou a mesma fonte.

O município de Odivelas não ativou o Plano de Contingência para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, uma vez que não estão reunidos os critérios previstos, designadamente quando o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emite “aviso de tempo frio, amarelo ou laranja, que corresponda a valores diários de temperatura mínima que se apresentem entre 3ºC a – 1ºC por, pelo menos, 48 horas seguidas”.

Na terça-feira, o município de Lisboa anunciou a abertura de três estações de metro — Santa Apolónia, Oriente e Rossio — além do horário habitual para que as pessoas em situação de sem-abrigo possam pernoitar, perante o frio registado esta semana, sem, contudo, ser indicada a duração da medida.

Hoje, o Metropolitano de Lisboa informou que “as estações que se encontram abertas desde a madrugada de 9 de janeiro [terça-feira] até à madrugada do dia 14 de janeiro [domingo] serão as seguintes: Santa Apolónia (norte, passeio junto ao edifício da estação), Oriente (entrada pelo portão do lado do Tejo/centro comercial), Rossio (entrada pelo portão da Praça da Figueira, junto ao Rossio)”.

Posteriormente, a empresa de transporte pública acrescentou a abertura da estação de Odivelas (acesso superior, entrada junto à cabina de bilheteira).

A abertura das quatro estações além do horário de funcionamento do metro, que habitualmente é das 06:30 à 01:00, prevê-se “até ao dia 14 de janeiro”, mas, “caso seja necessário, a data será prolongada”, ressalvou.

Neste âmbito, o Metropolitano de Lisboa realçou o “esforço como empresa socialmente responsável” e referiu que a medida inclui “o apoio da Polícia Municipal” e um reforço da vigilância e da limpeza.

Além de as estações de metro, o plano de contingência de Lisboa inclui a abertura do Pavilhão Municipal Casal Vistoso para pernoita das pessoas em situação de sem-abrigo, com 100 camas disponíveis, e disponibilização de refeições quentes, alimentos e agasalhos.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) de Lisboa, Paulo Santos, adiantou hoje que, na primeira noite de ativação do plano de contingência para pessoas em situação de sem-abrigo, 44 pessoas dirigiram-se ao pavilhão e que, destas, 35 pernoitaram e “as restantes foram encaminhadas para outras respostas de transição ou de caráter mais definitivo”.

De acordo com a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil, Margarida Castro Martins, na noite de domingo para segunda-feira, o pavilhão ainda estará em funcionamento, mas a expectativa é que a partir de segunda-feira, dia 15, já não seja necessário, dada a previsão de aumento de temperatura.

Na terça-feira, o presidente da autarquia, Carlos Moedas, explicou o contexto de ativação do plano de contingência: “É um plano que todos os anos é ativado se as temperaturas estiverem dois dias abaixo dos 3°C, mas decidi, como presidente da câmara, que deveríamos acioná-lo já. Não estamos ainda obviamente a 3°C, mas estamos com temperaturas muito baixas […] e temos uma população de pessoas em situação de sem-abrigo muito vulnerável”.

Pelo menos os municípios de Oeiras e Leiria acionaram também os seus planos para o mesmo efeito.