"O PS não se deixou levar nesta legislatura por facilitismos irrazoáveis e orçamentalmente imponderados que deitariam tudo a perder, nem, no futuro, se deixará levar, certamente, por prodigalidades desconexas como algumas das já anunciadas pelos partidos da oposição nas suas promessas eleitorais", declarou Carlos César no seu discurso no debate sobe o estado da nação na Assembleia da República.
Numa intervenção apenas com uma referência aos parceiros de esquerda da atual solução política governativa (Bloco de Esquerda, PCP e PEV), mas sem referências diretas críticas a estes partidos, Carlos César defendeu a manutenção da linha de rumo, baseada em avanços económico-sociais prudentes, na próxima legislatura.
"Sabemos, hoje, no PS, que os êxitos que alcançámos não consolidaram ainda por inteiro as defesas que o país necessita para resistir a impactes extraordinários negativos, designadamente no âmbito da União Europeia, onde, aliás, passámos a ter uma voz mais ativa entre os Estados-membros. Sabemos que não decorreu o tempo suficiente para capitalizar todas as nossas empresas que no passado foram mais afetadas na sua robustez. Sabemos que nos falta, ainda, tirar melhor proveito de recursos próprios e naturais, como o mar, que são decisivos para a nossa sustentabilidade.", apontou o presidente dos socialistas.
Em termos de balanço político, Carlos César classificou como "extraordinário" o caminho percorrido desde novembro de 2015.
"E o que temos a fazer é prosseguir - mais depressa, é certo, mas com os mesmos cuidados. Sabemos que temos ainda de continuar a trabalhar para termos um Estado dotado de sistemas de proteção da legalidade, de segurança e de justiça eficazes; para termos uma administração pública forte mas próxima do território, reguladora e fiscalizadora, eficiente, providente e fiadora dos direitos individuais", completou.
Em contraponto, na sua intervenção, o presidente do Grupo Parlamentar do PS deixou fortes críticas à atuação do PSD e do CDS-PP na presente legislatura, falando mesmo em vitória dos socialistas face a estes partidos.
"A vitória sobre os que - como o então líder do PSD [Pedro Passos Coelho] -, profetizavam, cito, que o investimento cairia a pique, que o emprego ou estagna ou destrói-se, que exacerbámos riscos orçamentais, que (o Governo) atirou a confiança pela janela fora, ou que perguntava quem é o investidor que acredita que o futuro estará seguro?", afirmou.
Segundo Carlos César, "a resposta, com o tempo, atropelou-o de forma clara: Tudo o que aconteceu nestes quatro anos foi exatamente o contrário do que o PSD predisse", antes de criticar também a atuação política da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas.
"Esta legislatura é também uma vitória sobre os que, como a líder do CDS, vaticinavam que, cito, desconfiar(iam do Governo atual) as instituições independentes, nacionais e internacionais, a Comissão Europeia, o Eurogrupo e, por fim, os mercados financeiros, com os juros da dívida a subirem para níveis que já não conhecíamos", apontou, referindo-se a declarações proferidas por Assunção Cristas.
De acordo com o líder da bancada socialista, "ao regaço da líder [Assunção Cristas], felizmente, foram outras as notícias que chegaram: Manifestações inequívocas de confiança de tudo quanto é instituição internacional de referência, e, quanto a juros, está-nos a parecer que será o CDS a pagá-los mais caros", disse.
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