“Desde o princípio que ficou claro que nós somos um partido de oposição. A situação que transcorreu nestes últimos meses é uma situação excecional. O que é normal é o que aconteceu na primeira parte desta sessão legislativa, em que o PSD assume a sua posição de oposição”, disse à Lusa o primeiro vice-presidente do grupo parlamentar.

Em declarações no âmbito do debate do Estado da Nação, agendado para sexta-feira no parlamento, Adão Silva considerou que “é preciso manter consensos no que for possível manter, mas o PSD não pode deixar de ter o seu papel e a sua linha muito bem definida”, de “partido de oposição ao atual Governo do Partido Socialista e do doutor António Costa”.

“Se me pergunta se isto vai traduzir-se numa formalização política de um bloco central, eu acho que não é isso que está em causa”, salientou.

O deputado destacou que “desde o princípio, o presidente do PSD deixou muito claro que o que era importante era encontrar soluções de grande âmbito, muito alargadas, para respostas aos desafios que aí vêm” mas apontou que isso “não se confunde com uma vinculação política de bloco central, no sentido tradicional que as pessoas lhe dão, por parte do PSD”.

“O PSD não pode ter uma posição de obstinação no sentido de não ajudar a que se encontrem saídas boas, novos horizontes no futuro próximo. Isso seria um exercício de dogmatismo, de fundamentalismo que o PSD não tem”, frisou, apontando que “é um partido ao serviço dos portugueses e de Portugal”.

“É preciso encontrar soluções no âmbito económico, no âmbito social, no âmbito político para que rapidamente Portugal reencontre os horizontes de esperança e de confiança e o PSD tudo fará para encontrar estas soluções de confiança e de esperança. Agora, evidentemente que o Governo não vai com certeza estar à espera que o PSD se substitua ao próprio Governo neste encontrar soluções”, atirou Adão Silva, numa referência ao combate à crise provocada pela pandemia de covid-19.

Num balanço da sessão legislativa que agora termina, o primeiro vice-presidente da bancada parlamentar social-democrata destacou que “esta sessão legislativa foi muito atípica, muito singular, porque foi uma sessão legislativa particularmente marcada pelo aparecimento da epidemia e depois pandemia, com todas as condicionantes económicas, sociais, políticas e até comportamentais da parte dos governantes e da parte dos cidadãos, que obviamente era de esperar”.

“Foi sobretudo uma sessão legislativa de expectativa, de ansiedade e de tentar de alguma maneira combater um perigo iminente, um perigo que estava instante entre nós, e tudo isto condicionou muito aquilo que foi a sessão legislativa que agora acaba”, acrescentou.

No debate do Estado da Nação, o PSD afirma “que se exige” que o Governo preste contas da sua atuação face a pandemia, e do que pretende fazer daqui para a frente, sendo que “agora o grande desafio, que é depois da crise sanitária, a crise económica e a crise social”.

Mas não só, porque “para lá destes trabalhos muito diretamente imbricados na pandemia, há outro conjunto de trabalhos políticos que foram feitos pelo Governo, decisões tomadas pelo Governo e que o PSD também quer ver aclaradas, porque nem tudo se subsumiu à pandemia”, entre os quais “a situação da TAP”, da banca, ou de “haver um conjunto de cidadãos que estavam em lista de espera no Serviço Nacional de Saúde e que afinal continuam com o seu problema de saúde atrasado e arrastado”, elencou Adão Silva.