Na madrugada de 30 de junho de 1966, um incêndio deflagrou na casa do diretor-geral de uma fábrica de miso em Shizuoka, no centro do Japão.
Após a extinção do incêndio, a polícia encontrou os corpos do diretor, da sua mulher e dos seus dois filhos adolescentes. Mas não foi o fogo que os matou: todos tinham sido esfaqueados até à morte.
Iwao Hakamada, que tinha trabalhado para a empresa, foi preso por suspeita de ter assassinado a família, incendiado a casa e roubado 200.000 ienes, conta o The Guardian.
Dois anos depois, o homem foi considerado culpado de homicídio e fogo posto e condenado à forca. Mas ainda continua no corredor da morte, já que tem vindo sempre a alegar estar inocente.
Ao longo dos anos, o caso de Iwao Hakamada tem sofrido algumas reviravoltas. Em 2014, o tribunal que o condenou inicialmente considerou que algumas das provas não eram seguras e ordenou a sua libertação, que se veio a concretizar. Mais tarde, um tribunal superior ordenou um novo julgamento.
Pensa-se que as provas apresentadas no seu julgamento pela polícia "podem ter sido fabricadas" e a defesa diz que os testes de ADN efetuados em roupas manchadas de sangue provavam que o sangue não era do acusado.
Neste momento, o antigo pugilista profissional, atualmente com 88 anos e a sofrer de doenças físicas e mentais, espera conhecer o desfecho desta história no final de setembro, quando o tribunal distrital de Shizuoka decidir sobre o seu novo julgamento, que teve início em março de 2023.
Contudo, o homem não tem comparecido em tribunal por ter sido declarado mentalmente incapaz de apresentar provas credíveis.
Além de marcante pelo número de anos, esta detenção é também destaque para os ativistas que consideram desumano a forma de tratamento dos reclusos no corredor da morte no Japão: passam anos - ou mesmo décadas - em regime de isolamento, enquanto os recursos vão sendo lentamente apresentados nos tribunais.
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