O estudo, encomendado pela organização de caridade médica britânica Wellcome Trust, foi realizado pelo Gallup World Poll entre abril e dezembro de 2018, envolvendo 140 mil pessoas maiores de 15 anos em 144 países para apurar as suas atitudes públicas em relação à saúde e à ciência.

De acordo com os resultados, a nível global, 79% dos inquiridos acreditam que as vacinas são seguras e 84% pensam que estas são eficazes. Em rumo inverso, 7% diz que as vacinas não são seguras e 5% discorda da sua eficácia.

No entanto, a investigação demonstra também que é nos países desenvolvidos onde se regista a maior desconfiança em relação à vacinação, sendo que apenas 59% dos inquiridos provenientes da Europa Ocidental acredita que as vacinas sejam seguras, com 22% - ou seja, quase um quinto - a acreditar que sejam efetivamente inseguras. É o segundo mais baixo nível de confiança a nível mundial, apenas ultrapassado pelos 50% nutridos pela Europa Oriental.

Por outro lado, é nas regiões de países em desenvolvimento onde os níveis de confiança sobem, estando o pódio composto pelos 95% no Sudeste Asiático, 92% na África Oriental e 88% na América Central e no México.

Particularizando países, França é onde se regista o maior nível de desconfiança, com um terço dos inquiridos (33%) a mostrar-se descrente na vacinação. No extremo oposto, Bangladesh e Ruanda têm os níveis mais altos de confiança nas vacinas, com quase 100% em ambos os países, onde as pessoas consideram que são seguras, eficazes e que é importante que as crianças as tomem.

"Esperávamos essa tendência geral, porque onde vimos que este ceticismo e preocupação sobre as vacinas tende a ser maior nos países mais desenvolvidos", disse à AFP Imran Khan, da Wellcome Trust. "Mas acredito que o grau de diferença é surpreendente e alguns desses números são realmente alarmantes", explicou.

Um valor estimado de 169 milhões de crianças não receberam a primeira dose de vacina contra o sarampo entre 2010 e 2017, segundo um comunicado da ONU divulgado em abril. Só nos Estados Unidos, o número de casos desta doença ultrapassa um milhar este ano, segundo aos últimos valores oficiais.

"Se olharmos para aqueles países no nosso estudo que têm níveis muito altos de confiança nas vacinas, como o Bangladesh e o Egito, são áreas onde há mais doenças infecciosas", disse Khan."O que se está a mostrar talvez seja que as pessoas nestes países podem ver o que acontece se as pessoas não se vacinarem", acrescentou.

Segundo Khan, esta atitude contrasta com países mais desenvolvidos onde "se uma pessoa não se vacinar, talvez seja menos provável que fique infetada, e se for infetado, provavelmente não vai ficar tão mal e não vai morrer, porque existem bons sistemas de saúde".