Em comunicado, a FMUP explica hoje que o estudo, que envolveu também investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e da Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto, visava avaliar o impacto da covid-19 nestes profissionais de saúde ao nível da depressão, ansiedade e ‘burnout’.
Dos 511 fisioterapeutas que participaram no estudo, que teve por base um questionário ‘online’, mais de metade tratam doentes presencialmente, 35% estão em serviços de internamento e 18% trabalham diretamente com doentes infetados pelo novo coronavírus, que provoca a covid-19.
Citada no comunicado, Cristina Jácome, investigadora da FMUP e do CINTESIS, afirma que a covid-19 “expôs a importância vital dos fisioterapeutas na reabilitação dos doentes, desde a fase aguda até ao acompanhamento a longo prazo”.
“Importava, por isso, perceber como se encontravam os fisioterapeutas do ponto de vista psicoemocional”, sublinha a investigadora.
No questionário, 42% dos fisioterapeutas afirmaram estar em ‘burnout’, “uma percentagem superior à de outros estudos nacionais e internacionais que apontam para 10 a 30%”, refere a FMUP.
Para os investigadores, tal fenómeno pode ser explicado pelo “envolvimento em situações de trabalho emocionalmente exigentes” e por uma “menor capacidade de adaptação ao ‘stress’ do contacto com doentes com covid-19”.
“Quando tentámos compreender que características estavam a contribuir para o estado de fadiga e exaustão, verificámos que os fatores mais relevantes eram uma menor resiliência, níveis mais elevados de depressão, de stress e reabilitar doentes com covid-19”, explica a Cristina Jácome, que além de investigadora é fisioterapeuta.
Associados a estes fatores podem também estar outros problemas, nomeadamente dificuldades económicas, menor produtividade, redução da qualidade dos cuidados de saúde prestados e o aumento do tempo necessário para a recuperação dos doentes “com todas as consequências que daqui advêm para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, alerta a investigadora.
Por esse motivo, Cristina Jácome considera ser essencial e “urgente” que se implementem estratégias de mitigação para promover a saúde dos fisioterapeutas para garantir a qualidade dos serviços prestados.
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