O estudo “A rede Cáritas em Portugal e a resposta à Covid-19” é apresentado hoje, em Lisboa, e faz uma análise aos pedidos de ajuda recebidos e à resposta dada, tendo em conta o impacto socioeconómico da pandemia na população portuguesa.
“Pela primeira vez, a Rede Cáritas montou, a nível nacional, um programa coordenado de resposta social direta que garantisse a continuidade do trabalho em curso e a adaptação da resposta no terreno às consequências socioeconómicas negativas que se previa logo no início da pandemia e do primeiro confinamento”, lê-se no documento.
Os dados revelam que este Plano Nacional de Resposta da Cáritas à Covid-19 apoiou 10.444 pessoas, dentro de 3.205 famílias, através da distribuição de 82.510 euros em vales alimentares e do pagamento de 167.230,07 euros em apoios pontuais e urgentes, no total de 249.740,07 euros.
Estes apoios dizem respeito a duas fases, a primeira, entre 22 de abril e 30 de junho de 2020, relativa ao Programa Intermédio de Apoio Social (PIAS), e a segunda que decorreu entre 11 de junho de 2020 e 28 de fevereiro de 2021 e que teve a ver com o programa “Vamos Inverter a Curva da Pobreza”.
Os mais de 167 mil euros pagos em apoios pontuais e urgentes representam 67% do total da verba paga, sendo que este dinheiro serviu sobretudo para ajudar famílias a pagar a renda de casa (63%), mas também a fazer face a despesas de saúde (13%) ou a pagar a eletricidade (12%).
“Os números também indicam os impactos sociais provocados pelas medidas de contenção da pandemia”, lê-se no relatório, já que 60% dos casos dizem respeito a novos beneficiários.
Além da verba gasta em apoios pontuais, a Cáritas ajudou também 8.117 pessoas, em 2.812 famílias, através de vales alimentares no valor total de 82.510 euros.
No caso do PIAS, que decorreu entre 22 de abril e 30 de junho de 2020, foram disponibilizados 130 mil euros de recursos próprios da Cáritas Portuguesa para duas linhas de atuação de emergência, os vales alimentares e os apoios financeiros pontuais e urgentes, que ajudaram 6.342 pessoas.
Foram distribuídos 52.100 euros em vales alimentares para 5.528 pessoas (1.896 famílias), sendo que quase metade (46%) eram pessoas que nunca tinham recorrido ao apoio da Cáritas e mais de 2.100 eram pessoas dependentes.
“Relativamente aos apoios financeiros pontuais, foram concedidos 58.679,80 euros em resposta a 409 pedidos por 324 famílias (807 pessoas, incluindo 273 menores e 103 dependentes maiores). Desses pedidos 66% foram feitos por novos beneficiários”, lê-se no estudo, que acrescenta que os apoios pontuais serviram para ajudar a pagar rendas (60%), despesas com saúde (18%) e pagamentos de faturas de eletricidade (12%).
“Os números confirmam o aumento considerável de novos beneficiários quer ao nível dos vales quer dos apoios financeiros pontuais e revelam o impacto negativo da crise pandémica em Portugal”, defendem os autores do trabalho de investigação.
Já o programa “Vamos Inverter a Curva da Pobreza”, que esteve no terreno entre 11 de junho de 2020 e 28 de fevereiro de 2021, e surge para continuar a dar resposta aos pedidos de ajuda, “que não abrandaram durante o desconfinamento”, apoiou no total 4.102 pessoas.
Durante a implementação deste programa, as Cáritas distribuíram 30.410 euros em vales alimentares a 2.582 pessoas, dentro de 912 famílias, sendo que quase 40% eram novos beneficiários.
Por outro lado, foram pagos 108.550,27 euros em apoios financeiros pontuais, através de 855 pedidos de 693 famílias, sendo que 69% eram pessoas que nunca tinham pedido ajuda anteriormente.
Também aqui, os apoios pontuais foram sobretudo para pagar rendas de casa (65,4%), pagamento de despesas médicas (12%) ou a eletricidade (11,8%), entre outras necessidades.
É possível constatar que entre os dois programas há um aumento de quase 85% nos pedidos financeiros pontuais e urgentes.
O estudo salienta que “este tipo de apoio é uma prática regular no seio da Rede, mas que acabou por ter maior procura durante a pandemia fruto de uma crescente privação material na sociedade portuguesa, principalmente pelas famílias que perderam rendimento por causa da perda do emprego ou redução salarial com o ‘lay off’”.
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