Teve ontem lugar o debate presidencial entre Lula da Silva e Bolsonaro, marcado pela tensão não apenas em estúdio, mas também na conferência de imprensa que se seguiu.

Jair Bolsonaro, que se recandidata à presidência do Brasil começou por cometer uma gafe no final do debate ao dizer, nas declarações de fecho, que estava disponível para cumprir mais um mandato como deputado federal, ao invés de Presidente da República, tendo corrigido imediatamente a informação.

Mais tarde, já na conferência de imprensa que se seguiu ao debate, quando questionado por um jornalista da Folha de São Paulo sobre afirmações que tem repetido relativamente a um ato de campanha de Lula da Silva no Complexo do Alemão — Bolsonaro tem alegado que a visita do ex-presidente Lula foi combinada com traficantes —, acabou por perder a calma, bateu no púlpito, e questionou: "Você tem moral para me chamar de mentiroso?".

Já quando foi questionado pelo jornalista da RTP, Pedro Sá Guerra, sobre a imagem do Brasil no estrangeiro, nomeadamente sobre a preocupação de alguns líderes internacionais com o resultado destas eleições. Bolsonaro respondeu que não tinha entendido a pergunta. O repórter ofereceu-se para repetir, mas o candidato disse "se ficar repetindo eu continuarei não entendendo. É que não falo espanhol nem portunhol".

Mesmo "não tendo percebido", Bolsonaro acabou por responder que teve conversas recentes com Biden e Putin, além de conversar com "o mundo árabe".

No final da conferência de imprensa, a assessora da Rede Globo avisou ao microfone que faltava apenas um minuto para a conclusão do tempo combinado com a imprensa, dizendo, como manda o protocolo, "candidato, o senhor tem um minuto", o que também irritou Jair Bolsonaro.

"Sou candidato ou sou presidente? Se for candidato eu vou embora. Eu sou candidato, eu vou embora. Então, por favor. Eu sou presidente da República. Candidato eu era lá dentro", disse.

Os dois candidatos tinham cerca de dez minutos para falar com a imprensa, que podia ou não ser usado na totalidade, mas que tinha de ser disponibilizado de igual forma, cumprindo com as regras da Legislação Eleitoral.

O ex-presidente Lula da Silva optou por ceder este espaço ao seu vice, Geraldo Alckmin, que fez uma declaração apenas.

Lula e Bolsonaro disputam este domingo a segunda volta das eleições presidenciais do Brasil. Recorde-se que Lula da Silva venceu a primeira volta das eleições gerais, com 48,4% dos votos, mas Jair Bolsonaro, que procura a reeleição, saiu também reforçado, ao contrariar as sondagens e recolher 43,2% dos votos, além de ver vários dos seus candidatos a outros cargos eleitos.