"Atrás de mim estão os destroços recuperados do míssil disparado pelos combatentes Huthis do Iémen sobre a Arábia Saudita. (...) Foi fabricado no Irão antes de ser enviado aos rebeldes Huthis no Iémen”, afirmou a embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU, Nikki Haley.
E acrescentou: “Foi depois disparado sobre um aeroporto civil e poderia ter matado centenas de civis inocentes na Arábia Saudita”.
Nikki Haley falava numa base militar norte-americana, junto a destroços de mísseis e de drones (aparelhos não tripulados) que, segundo a própria, são provenientes de recentes ataques contra aliados dos Estados Unidos naquela região.
"Isto é absolutamente terrível e deve parar", disse.
A 04 de novembro, um míssil balístico disparado pelos rebeldes Huthis a partir do Iémen foi intercetado e destruído sobre o aeroporto internacional de Riade.
Em reação, a Arábia Saudita (sunita), que lidera uma coligação árabe que apoia o poder iemenita num conflito iniciado em 2015, acusou o Irão (xiita) de fornecer equipamentos militares aos rebeldes iemenitas xiitas.
Momentos depois da divulgação das declarações de Nikki Haley, o Irão rejeitou “categoricamente” as afirmações da embaixadora norte-americana, alegando que tais informações têm por base “supostas provas fabricadas”.
“Uma acusação que rejeitamos categoricamente, uma acusação infundada, irresponsável, provocadora e destrutiva", disse a missão iraniana junto da ONU, num comunicado.
Estas “supostas evidências, divulgadas hoje publicamente, são tão fabricadas como as outras apresentadas em outras ocasiões", referiu a mesma nota informativa.
O conflito no Iémen fez mais de 8.750 mortos desde março de 2015, dos quais mais de 1.500 eram crianças, e também 50.600 feridos, na maioria civis.
O país enfrenta a pior crise humanitária do planeta, segundo a ONU: 17 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar, sete milhões das quais em risco de epidemia de fome.
A propósito deste dossiê, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse, num relatório para o Conselho de Segurança a que a agência noticiosa norte-americana Associated Press teve acesso na quarta-feira, que as Nações Unidas estão a investigar a possível transferência de mísseis balísticos para os rebeldes Huthis no Iémen, que podem ter sido usados nos lançamentos dirigidos à Arábia Saudita, efetuados a 22 de julho e a 04 de novembro.
No mesmo documento, Guterres advertiu que o Irão pode estar a desafiar o pedido da ONU para parar o desenvolvimento de mísseis balísticos, mesmo que cumpra o acordo nuclear assinado em 2015 com seis potências mundiais (Estados Unidos, França, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha).
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