O DJ francês David Guetta vai comandar o espetáculo noturno que vai ser o primeiro grande teste, mesmo nos pés de um dos mais emblemáticos monumentos da capital francesa.

O medo dos atentados e a persistente onda de conflitos sociais - com greves de transporte ou de recolha de lixo, manifestações e mobilizações-relâmpago - continuam a afetar o país, um dia antes do jogo inaugural, entre França e Roménia, no Stade de France, na zona norte de Paris.

Os arredores deste estádio foram palco de um dos ataques suícidas de 13 de novembro, reivindicados pelo Estado Islâmico, que vitimaram um total de 130 pessoas na capital francesa.

Estima-se que oito milhões de adeptos rumem à competição, entre os quais dois milhões de estrangeiros. As forças de segurança e os serviços de informação mobilizaram-se para impedir atentados nos estádios, nas fan zones e em outros lugares públicos.

O jogador alemão Jérôme Boateng, que estava a disputar o jogo no Stade de France, no dia 13 de novembro, anunciou esta quarta-feira que por razões de segurança, a sua esposa e as suas filhas não irão acompanhar os jogos da seleção alemã porque o risco é muito alto. "Vou sentir-me melhor se a minha família não estiver no estádio", disse ao jornal Sport Bild.

O estado de emergência em vigor em França desde novembro foi prolongado até o fim de julho. Num "esforço sem precedentes", segundo o governo francês, 90.000 polícias, gendarmes e agentes de segurança foram mobilizados para garantir a segurança durante a competição, que vai ser disputada entre 10 de junho e 10 de julho.

O governo também lançou uma aplicação para telemóveis, a "Alerta atentado", para informar as pessoas sobre qualquer ameaça. A aplicação permite alertar "em caso de suspeita de atentado ou de acontecimento" excepcionalmente grave.

Lixo amontoado em Paris

No entanto, 24 horas antes do início do Euro, o lixo amontoava-se nas ruas de dez dos vinte distritos de Paris como consequência de uma greve da recolha do lixo que também afeta outras cidades do país.

As três principais estações de tratamento de lixo próximas de Paris continuavam bloqueadas pelo décimo dia consecutivo, enquanto contentores do lixo cheios proliferavam na capital, passando uma imagem menos positiva aos turistas.

Também prossegue a greve na companhia ferroviária francesa, a SNCF, que esta quinta-feira foi prorrogada pelo nono dia consecutivo. Depois de uma longa negociação, na qual o governo fez várias concessões sobre uma reforma das condições de trabalho dos ferroviários, um projeto de acordo continua à espera da assinatura dos sindicatos. Os apelos do presidente François Hollande e do primeiro-ministro, Manuel Valls, pelo fim desta greve foram ignorados.

No setor dos transportes continuam as negociações na Air France para tentar evitar uma greve dos pilotos de 11 a 14 de junho motivada por reivindicações salariais.

A toda esta situação somam-se as mobilizações contra a alteração da Lei do Trabalho, que já duram há três meses em setores que vão do petrolífero aos portos e estaleiros, passando pela energia.

Outra grande manifestação nacional foi convocada para o dia 14 de junho, em Paris. Sindicatos e organizações juvenis e de estudantes, que exigem a retirada do projeto de alteração da lei, que consideram de inaceitável, também convocaram a "extensão das greves e ações" de protesto em todo o país.