"Estes territórios não têm que ser uma fatalidade. O que será uma fatalidade é se não olharmos para os territórios de uma forma sistémica", afirmou Ana Abrunhosa.

A nova presidente da EUROACE e também da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), falava na sessão de abertura das Jornadas EUROACE, subordinadas ao tema "Desafios Demográficos e Envelhecimento", que decorrem em Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco.

Esta responsável defendeu que estas regiões têm que ter um tratamento especial, porque são especiais e adiantou que estão definidas três áreas prioritárias para o desenvolvimento destes territórios: A economia circular, a digitalização da economia e a demografia e o envelhecimento.

"Podemos ter muitas estratégias, mas, se não tivermos um plano de ação, não vamos a lado nenhum", disse.

Ana Abrunhosa entende que é preciso encontrar respostas para fixar pessoas no território e mais apoio aos que vivem nestas regiões.

"Primeiro, temos que cuidar dos que cá vivem por forma a tornar o território mais atrativo para os outros", sublinhou.

Já a Comissária do Governo de Espanha para os Desafios Demográficos, Isaura Leal, realçou que atualmente há uma vontade dos dois governos ibéricos em fazerem frente a uma mudança que ambos não consideram "irreversível".

"A política existe para mudar as coisas e para que esta realidade seja invertida. Política territorial é, sobretudo, falar de coesão social. Não falamos de discriminação, mas devemos falar de diferenciação [destes territórios]", sustentou.

"Quando falamos de despovoamento, falamos de desigualdade. As pessoas não abandonam o território porque querem, mas porque procuram melhores condições de vida. Que país se pode permitir a prescindir de uma parte do seu território?", questionou.

Isaura Leal sublinhou que os dois países ibéricos têm um nível de esperança de vida das mais elevadas da Europa e do mundo.

"Temos que o dizer com orgulho. Não é esse o problema. Para isso, existe a política, para gerir a nossa realidade, mas focando-a com oportunidades. Estamos aqui para aprender a gerir o nosso presente", concluiu.