“Não seria apropriado continuar no concurso enquanto o processo segue o seu curso”, justifica a EBU sobre a expulsão do concorrrente.
Os dois cantores já tinham protagonizado uma situação tensa, na quinta-feira, na conferência de imprensa dos países qualificados da segunda semifinal do concurso.
Nessa situação, um jornalista polaco questionou a artista israelita sobre a sua responsabilidade no maior nível de alerta terrorista que se vive em Malmö.
“Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos. Não se importa com isso?”, perguntou.
O moderador da conferência de imprensa lembrou Eden Golan de que não era obrigada a responder à questão. “Por que não?”, questionou o artista dos Países Baixos em voz alta. O episódio acabou por ganhar tração nas redes sociais.
Apesar de não ser obrigada a responder, a cantora israelita disse crer estarem todos no Festival Eurovisão da Canção por uma razão, “e que a EBU tomou todas as precauções para que seja seguro para todos”.
A edição deste ano fica então reduzida a 25 países, que disputam hoje a final da edição deste ano do concurso, entre os quais está também Portugal, representado por Iolanda e a canção “Grito”.
A 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção está a ficar marcada pelo conflito israelo-palestiniano.
O conflito, que dura há décadas, intensificou-se após um ataque do grupo palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro, que causou quase 1.200 mortos, com o país liderado por Benjamin Netanyahu a responder com uma ofensiva que provocou mais de 34 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo balanços das duas partes.
Vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus à EBU para que a participação de Israel no concurso fosse vetada.
Entre os vários apelos, no final de março, representantes de nove países, incluindo Portugal, assinaram uma carta na qual pediam um “cessar-fogo imediato e duradouro” na guerra na Palestina e o regresso de todos os reféns israelitas.
Na altura, a EBU recordou que o festival é um evento “apolítico”. No entanto, em 2022 foi decidida a expulsão da Rússia do concurso na sequência da invasão da Ucrânia.
Na quinta-feira, milhares de pessoas percorreram as ruas de Malmö a pedir a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção, por causa da ofensiva levada a cabo por aquele país na Faixa de Gaza.
De acordo com a agência espanhola EFE, o protesto, que teve início às 16:00 locais (15:00 em Portugal), foi convocado pela plataforma Parem Israel, pela paz e por Palestina livre, que agrupa mais de 60 organizações.
A representante portuguesa, Iolanda apresentou-se no domingo na ‘passadeira turquesa’ (onde desfilam os representantes de todos os países, marcando assim o início dos espetáculos ao vivo do concurso), em Malmö, com um vestido de uma marca palestiniana e as unhas pintadas com o padrão do ‘keffiyeh’, um lenço que é símbolo da resistência palestiniana.
Na terça-feira, o conflito foi levado para palco, durante o número de abertura da primeira semifinal, pelo cantor Eric Saade, que representou a Suécia no concurso em 2011 com “Popular”.
Eric Saade, de ascendência palestiniana, cantou com a mão esquerda envolta num ‘keffiyeh’.
Na quinta-feira, quando a representante israelita esteve durante a segunda semifinal do concurso, ouviram-se assobios, nomeadamente na parte inicial da atuação.
Já na quarta-feira, nos ensaios, que tal como as semifinais e final são abertos ao público, Eden Golan tinha sido vaiada por alguns dos presentes.
Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar no concurso de música, em 1973, e ganhou quatro vezes, incluindo com a cantora transgénero Dana International, em 1998.
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