De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), lida pela presidente do coletivo de juízes, Teresa de Sousa, o arguido, que era funcionário de uma agência do BCP na maior cidade madeirense “engendrou um plano” para conseguir o dinheiro.

Entretanto, em junho e julho de 2018, decidiu “registar nas máquinas valores de levantamento superiores aos reais”, de modo a ocultar o desvio.

Hoje, na primeira sessão do julgamento, no Tribunal do Funchal, o ex-bancário, de 50 anos, reconheceu esse registo nas máquinas, mas rejeitou ter ficado com dinheiro.

O arguido disse que o seu comportamento teve como objetivo “causar o caos” no banco “sem ganhar nada com isso”, referindo que sofria pressão interna no local de trabalho e que era alvo de processos disciplinares.

“A forma que eu tive de mostrar um bocadinho a minha raiva foi criar um caos no banco”, afirmou, reconhecendo que teve um comportamento “infantil”.

Confrontado pela juíza Teresa de Sousa com as elevadas quantias de dinheiro que movimentava das suas contas bancárias, sobretudo antes de ter sido dispensado das funções que desempenhava no banco, em setembro de 2018, o ex-bancário disse que os montantes provinham, em parte, de uma herança recebida e também de uma sociedade que criou com outras pessoas relacionada com apostas desportivas.

A juíza disse ainda que “não faz sentido nenhum” o arguido, que confessou ter problemas de vício do jogo e sobre-endividamento, afirmar que deixou lá o dinheiro e que não se apropriou dele.

O homem está acusado pelo MP de um crime de abuso de confiança agravado e de um crime de falsidade informática.

O MP considera que agiu de forma “livre, deliberada e consciente”, subtraindo dinheiro que sabia que não lhe pertencia e que apenas lhe estava disponível devido às funções que desempenhava.