Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e membro do Comité Económico e Social Europeu em representação da CIP, ajuda a compreender este tema, e começa por dizer que “todos temos de ter consciência que esta guerra comercial pode ter um impacto na vida de toda a gente.”
A guerra comercial não é nova, mas ganhou tração com a presidência de Donald Trump, que a colocou o comércio no centro da agenda dos EUA. “O que se quer normalmente nestas guerras comerciais é defender os produtos nacionais. Queremos importar menos e valorizar a produção interna.”
Mas os efeitos colaterais, lembra o gestor, fazem-se sentir para lá das fronteiras americanas. “Os empresários portugueses, sobretudo os que exportam, estão preocupados. O mercado americano é muito apetecível, mas se as tarifas subirem, os nossos produtos perdem competitividade.”
Questionado acerca das manifestações da Guerra Comercial nos bolsos dos portugueses, Gonçalo Lobo Xavier avisa “se mantivermos este nível de tensão e estas tarifas, há uma pressão muito grande nos preços, na alimentação, na energia, na tecnologia.”
Assim, a Europa tenta reagir, mas enfrenta um dilema, se por um lado a regulação excessiva pode travar a inovação, por outro garante um selo de qualidade. O diretor Geral da APED considera que “a tensão internacional pode ter efeitos positivos" como o facto de a Europa ter sido "obrigada a acordar e a investir mais na sua autonomia estratégica.”
Portugal, por sua vez, tem tentado diversificar mercados e manter o esforço exportador: “Estamos a exportar mais e para mais lados, mas continuamos muito expostos às oscilações dos grandes blocos.”
A guerra comercial é, para Gonçalo Lobo Xavier, feita "de equilíbrios e de bom senso, que infelizmente parece não abundar no presidente dos Estados Unidos.”
No final, fica o alerta: “Não somos autossuficientes. Dependemos todos uns dos outros. Quando os blocos entram em guerra, todos pagamos a fatura, direta ou indiretamente.”
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