Em declarações à agência Lusa, a advogada Ana Vilhena referiu que o seu cliente será agora transportado para o estabelecimento prisional de Montijo ou Setúbal, onde deverá cumprir a pena que lhe foi aplicada na primeira instância.

João Tavares, ex-funcionário da Petrogal, foi condenado pelo Tribunal de Aveiro a cinco anos e nove meses de prisão, por ter recebido 12.500 euros de Manuel Godinho para "facilitar" o negócio dos resíduos ao sucateiro na refinaria de Sines.

O homem de 65 anos, atualmente na reforma, recorreu para a Relação do Porto, que manteve a decisão, e, ao contrário dos restantes coarguidos no processo condenados a penas efetivas, não interpôs novo recurso, o que fez com que a sua condenação transitasse em julgado mais rapidamente.

Além de João Tavares, também os arguidos Armando Vara e Manuel Guiomar deverão entrar na cadeia, nos próximos dias.

O segundo, que tem uma pena de seis anos e meio para cumprir, deslocou-se na terça-feira ao estabelecimento prisional de Évora para se entregar voluntariamente, mas a direção da cadeia não o aceitou por não ter perfil adequado para aquele estabelecimento prisional.

Contactada pela Lusa, a advogada Poliana Ribeiro disse que o ex-quadro da Refer se irá entregar voluntariamente no estabelecimento prisional de Castelo Branco “na quinta-feira à tarde ou o mais tardar na sexta-feira”.

Na passada segunda-feira, a juíza titular do processo Face Oculta emitiu dois mandados de condução a estabelecimento prisional para João Tavares e Manuel Guiomar.

Quanto a Armando Vara, também arguido deste processo, a juíza deu-lhe um prazo de três dias, que termina na quinta-feira, para se apresentar na cadeia e cumprir a pena de cinco anos de prisão efetiva a que foi condenado, por três crimes de tráfico de influência.

O processo Face Oculta, que começou a ser julgado em 2011, está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do setor do Estado e privadas.

Além de Armando Vara e Manuel Godinho, foram arguidos no processo o ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais) José Penedos e o seu filho Paulo Penedos, entre outros.

Na primeira instância, dos 36 arguidos, 34 pessoas singulares e duas empresas, 11 foram condenados a penas de prisão efetiva, entre os quatro anos e os 17 anos e meio.

Atualmente, ainda estão pendentes no Tribunal Constitucional os recursos de Manuel Godinho, José Penedos, Domingo Paiva Nunes, Hugo Godinho e Figueiredo Costa.