Graça Fonseca falava na quinta-feira à noite num jantar/debate, em Algés, organizado pela Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, subordinado ao tema 'Desinformação'.

"Da mesma maneira como a Lusa pode e deve desenvolver projetos próprios que permitam diminuir muito o que é o risco de estar a divulgar notícias que não estão confirmadas como devem ser, qualquer órgão de comunicação social também pode desenvolver projetos semelhantes", seja, "em parceria com a Lusa", seja da forma como entenderem, afirmou a governante.

"É preciso que haja também algum auto-empenho da parte da comunicação social nesta tarefa porque no fim do dia conseguir ter bons resultados não é só fundamental para a democracia", como também para os 'media', considerou.

"Como a comunicação social é absolutamente imprescindível para a democracia precisamos mesmo de conseguir combater este fenómeno" e sem os 'media' "nenhuma entidade pública conseguirá alguma vez fazê-lo", salientou.

"É necessário que haja auto-empenho de todos, mais coordenado", apontou Graça Fonseca, admitindo que "em Portugal o [setor] público e o privado têm pouca tendência para se organizarem".

Isto porque "vivemos muito em quintas, mas há momentos em que temos de perceber que manter as quintas e fazê-las perdurar vai se virar contra nós todos", por isso "tem de haver maior proatividade e mais projetos também do lado da comunicação social", reiterou.

Graça Fonseca destacou o projeto da Lusa no combate à desinformação. "Desafiámos a Lusa precisamente para se colocar na linha da frente, de construir um projeto de 'fact checking' [verificação de factos]. É um projeto que foi submetido a financiamento comunitário, será desenvolvido pela Lusa também com o nosso apoio, segue muito a lógica do que está a acontecer em agências noticiosas de outros países da União Europeia", em parceria com o Centro Nacional de Cibersegurança e com o Instituto Superior Técnico, disse.

"Se as agências noticiosas tiverem um sistema que lhes permita diminuir muito aquilo que é o risco de divulgação de notícias falsas, logo aí estaremos a controlar bastante um risco de disseminação" de desinformação, uma vez que estas são fonte primária de notícias para os órgãos de comunicação social e 'sites'.

Assim, "estaremos a contribuir para que menos informação não verificada" fique disponível aos órgãos de comunicação social, apontou.

A questão da literacia mediática foi outro dos pontos destacados pela ministra, que adiantou que este tema está ser trabalhado nas escolas.

"Temos que perceber que não só o mundo já mudou muito como vai mudar muito mais depressa do que hoje, a desinformação sempre existiu", mas a diferença é que há 500 anos as 'fake news' demoravam muito tempo a chegar ao conhecimento de todos. Atualmente, prosseguiu, "é mais rápido".

A celeridade da mudança leva que se esteja sempre a "trabalhar com soluções que já estão atrasadas e isto é algo que vai ser sempre assim", pelo que é preciso "trabalhar já nos mais novos", através da literacia mediática, pois são eles que no futuro vão consumir conteúdos informativos, salientou.