Escreve a Reuters que as duas mulheres, com cerca de 40 anos, entraram no perímetro do tempo de Sabarimala nas primeiras horas desta quarta-feira, desafiando uma tradição local que proíbe mulheres com idade para ser menstruadas — entre os 10 e os 50 anos — de entrar em tempos Hindus. Estas foram as primeiras duas mulheres a fazê-lo no estado de Kerala depois de o supremo tribunal ter levantado esta proibição centenária.
Segundo meios locais, o sacerdote do templo fechou o recinto depois desta visita para proceder a rituais de purificação.
As duas mulheres, referidas pelos meios de comunicação indianos como Bindu e Kanaka Durga, já haviam tentado entrar no templo antes, mas foram impedidas por manifestantes conservadores que se opõem ao levantamento da proibição, escreve o The Guardian.
Hoje, as mulheres iniciaram a sua caminhada para o templo por volta da meia-noite, tendo entrado por volta das 4h00 (hora local). Estas foram acompanhadas por um grupo de polícias.
"Como clarifiquei anteriormente, o governo irá proteger qualquer mulher que deseje entrar no templo", reiterou Pinarayi Vijayan, ministro-chefe de Kerala. As autoridades reiteram assim a sua posição de defesa de todas as mulheres que desejem entrar nos templos, argumentando que é uma questão de direitos humanos.
A oposição em Kerala, todavia, já alertou para a possibilidade de protestos.
"Isto é traição. O governador terá de pagar por esta violação dos costumes", disse K. Sudhakaran, vice-presidente do partido Congresso Kerala Pradesh, o principal partido da oposição neste estado.
Numa entrevista, esta terça-feira, o primeiro-ministro Narendra Modi considerou que a proibição é uma questão de crença religiosa e não de igualdade de género.
Sreedharan Pillai, líder do partido Bharatiya Janata — o partido do primeiro-ministro Narendra Modi — em Kerala denunciou esta visita considerando-a uma "conspiração dos ateus para destruir os templos Hindus" e anunciou que o partido vai "apoiar as lutas contra a destruição da fé pelos comunistas". "Que todos os devotos avancem e protestem", apelou ainda.
De referir que no ano passado, violentos protestos tiveram lugar neste estado depois do supremo tribunal indiano ordenar, em setembro, que se levantasse a proibição de mulheres com idade para ser menstruadas de entrar nos templos. Depois da ordem do tribunal, várias mulheres tentaram entrar no templo mas foram impedidas por ativistas.
Também na terça-feira, milhares de mulheres formaram um cordão de vários quilómetros em Kerala para demonstrar o seu apoio à igualdade de género. A iniciativa "muro de mulheres" contou com o apoio do governo.
Depois de noticiada a entrada de duas mulheres no templo de Sabarimala, em Kerala, esta quarta-feira, a polícia teve de usar gás lacrimogéneo e jatos de água para travar manifestantes.
Confrontos violentos tiveram lugar em frente ao Parlamento estadual de Thiruvananthapuram. Outros pontos de violência também foram observados em várias cidades, segundo a imprensa local.
(Notícia atualizada às 12h34)
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