Estas posições foram transmitidas aos jornalistas por Fernando Medina, terceiro candidato socialista na lista de Lisboa, quando chegava ao hotel onde a direção do PS está a acompanhar a evolução dos resultados eleitorais.

De acordo com o titular da pasta das Finanças, a confirmarem-se as projeções eleitorais, o PS regista uma derrota, que é “assumida globalmente” por todo o partido, e a Aliança Democrática (AD) vence, mas com um resultado inferior ao alcançado pelo antigo líder social-democrata Pedro Passos Coelho nas legislativas de 2015.

“Estamos perante umas eleições que não deviam ter acontecido neste tempo, que foram prematuramente marcadas antes de metade de um mandato de maioria absoluta. O quadro que resultará destas eleições é de grande de fragilidade e instabilidade”, advertiu.

O ministro das Finanças advertiu que o sistema político “fica dependente de uma força de extrema-direita com um peso grande”.

“Uma força que, durante muitos anos, não teve representação parlamentar, depois ganhou-a, mas não tem capacidade de expor e resolver problemas concretos das pessoas. Agora, ficam com a capacidade de influenciar a agenda da direita moderada na próxima legislatura”, assinalou, antes de frisar que o líder do seu partido, Pedro Nuno Santos, “fez uma grande campanha”.

Interrogado se, nesse quadro de Governo minoritário do PSD, o PS deve viabilizá-lo, Fernando Medina remeteu essa decisão para “os órgãos dos partidos”.

“Este quadro político, tal como se apresenta neste momento, levanta complexidades principalmente à direita. Se a AD ganhar as eleições, deve ser felicitada como vencedora. Mas estes resultados são inferiores aos de Pedro Passos Coelho nas legislativas de 2015, e estão em linha com os que Rui Rio e o CDS tiveram em 2022. Portanto, o PSD e o CDS não sobem nestas eleições”, apontou.

Em relação a um eventual entendimento governativo entre PS e PSD, Fernando Medina advogou que, entre os dois partidos, “há muitas áreas em que não há convergência”.

No PS, de acordo com Fernando Medina, esse debate deve ser feito somente “depois de conhecido o resultado final destas eleições”.

“Mas acho que uma das piores coisas que podemos fazer no nosso sistema político é formar qualquer tipo de bloco central formal ou informal”, acrescentou.

Por sua vez, à chegada ao mesmo hotel, João Gomes Cravinho, atual ministro dos Negócios Estrangeiros, disse aos jornalistas que aparentemente Portugal “sairá fragilizado” destas eleições, com um provável Governo minoritário e “um horizonte incerto”.

“É tudo aquilo de que Portugal não precisava num contexto de tanta incerteza internacional. Portanto, creio que a opção de avançar para eleições só pode ser classificada como muito temerária, muito arriscada e, infelizmente, as circunstâncias atuais sugerem que Portugal sairá fragilizado”, afirmou, numa crítica ao Presidente da República.

Questionado se o PS ainda tem esperança na vitória, Gomes Cravinho respondeu que é preciso esperar para ver como é que os resultados evoluem nas próximas horas, “porque os números finais podem fazer alguma diferença”.

“O PS é uma promessa sempre para o futuro do país. Seja agora, seja daqui a seis meses com novas eleições, ou um ano, ou dois anos, podem contar com o PS”, frisou.