Maryam Al-Khawaja, filha do ativista dos direitos humanos Abdulhadi al-Khawaja, afirmou ao The Guardian que o estado de saúde do pai está cada fez pior e que sem uma intervenção urgente, este pode mesmo vir a morrer na prisão.

"Não sei quanto tempo o meu pai tem. Passo todos os dias a pensar que cada vez que o telefone toca, possa ser alguém a dizer que o meu pai já não está connosco.  Sei que ele tem graves problemas de saúde e que as autoridades estão a dificultar o acesso a tratamento como um método de castigo. Não quero esperar que a libertação do meu pai da prisão seja num caixão. Mas, o ponto central é que o meu pai nem devia estar na prisão".

Khawaja, um dos ativistas mais ativos, foi preso em abril de 2011, na sua casa, pelo envolvimento em protestos pró-democracia no reino do Bahrain. Dois meses depois acabaria condenado a prisão perpétua. Para Maryam, o facto do seu pai, que tem dupla nacionalidade (Dinamarca-Bahrain), ter sido condenado pelas suas atividades tem servido para ser um exemplo na prisão onde se encontra.

Além das atividades antes da sua prisão, mesmo dentro da prisão Khawaja continua ativo, com vários protestos. Perante isto, as autoridades acabaram por revogar o direito do ativista a poder telefonar a duas das suas filhas.

"Estão a fazer dele um exemplo pelo que fez. Usam-o para assegurar-se de que ninguém pode protestar dentro da prisão", afirmou Maryam.

Sabe-se que Khawaja sofre dos efeitos a longo termo de tortura, incluindo várias fraturas no rosto aquando da sua detenção, tendo até feito uma operação de quatro horas para se recuperar, intervenção essa em que estava algemado à cama de hospital. Além disso, o ativista também sofre dos efeitos da greve de fome, principalmente dos efeitos de quando alguém é forçado a comer. Tem ainda várias fraturas nas costas, nos ombros, com a família a afirmar que o ativista tem de viajar para tratamento acorrentado e em veículos que agravam a sua condição já frágil. Em março, uma visita de urgência a um hospital acrescentou mais problemas de saúde, com o facto do ativista poder, a qualquer momento, sofrer um ataque cardíaco. Apesar do governo do Bahrain ter afirmado que Khawaja iria ser apresentado a um cardiologista, Maryam afirma que "o regime do Bahrain continua a negar" ao pai "acesso a importantes tratamentos médicos para garantir a sua sobrevivência".

Nada disto é novidade no que toca às prisões no Bahrain, principalmente para prisioneiros com alto perfil político, segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América.

"Se o meu pai morrer na prisão, colocarei o governo da Dinamarca como tão responsável como o do Bahrain. Não no sentido em que os dinamarqueses são maus como o Bahrain, mas, quando falamos no meu pai em específico, são responsáveis porque o podiam ter retirado da prisão", afirmou Maryam, que continua a pressionar as autoridades dinamarquesas para que estas façam uma avaliação médica do pai.

O governo dinamarquês, quando perguntado em específico sobre o assunto, afirma, sobre as palavras do Ministro dos Negócios Estrangeiros, que a Dinamarca "está muito atenta à situação dos prisioneiros e dos defensores dos direitos humanos no Bahrain, onde o defensor dos direito humanos Abdulhadi al-Khawaja está preso desde 2011. A Dinamarca continua a pedir a libertação das várias pessoas no Bahrain, incluindo al-Khawaja, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas".

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