Cristina Semblano, apoiante de Jean-Luc Mélenchon, disse à Lusa que não vai apoiar nenhum candidato na segunda volta, destacando que o líder de A França Insubmissa "agiu de forma democrática" ao não dar um conselho de voto aos seus eleitores "porque ele não se pode pronunciar em nome do movimento que tem meio milhão de cidadãos", o que "não quer dizer que esteja a favorecer a extrema-direita".

"Acho triste. Estamos perante uma escolha entre uma fascista e um neoliberal que vai intensificar as políticas de François Hollande, essas mesmas políticas que provocam a ascensão da extrema-direita. Estamos na mesma situação que em 2002, vamos ter de escolher entre a peste e a cólera", afirmou a economista, reiterando que "uma frente republicana contra a extrema-direita vai levar ao poder um Presidente cujas políticas vão favorecer ainda mais o crescimento da extrema-direita".

A deputada municipal em Gentilly, junto a Paris, destacou, ainda, o "resultado histórico" do candidato da esquerda radical, considerando que "abre um horizonte do possível para a esquerda revolucionária em França" e que o movimento A França Insubmissa "vai concentrar toda a luta contra as políticas que vão ser adotadas pelo futuro Presidente".

Paulo Marques, apoiante do conservador François Fillon, afirmou à Lusa que para os militantes de Os Republicanos "esta manhã é o massacre", mas vai votar "sem dúvida nenhuma" em Emmanuel Macron, a 07 de maio, para travar a ascensão da líder da extrema-direita que representa "o caos da França".

"Eu votarei Macron porque é impensável votar na outra candidata. Eu vou comemorar 30 anos de política, comecei aos 18 anos porque para dar voz à comunidade portuguesa era necessário integrar os órgãos de decisão franceses. Obviamente, não posso deixar que a candidata à segunda volta possa denegrir e excluir o que faz a base identitária da França que é a pluralidade, nomeadamente, com a comunidade portuguesa", afirmou o vereador de Aulnay-sous-Bois, nos arredores de Paris.

O também presidente da associação de autarcas de origem portuguesa acrescentou que Os Republicanos podem atingir uma maioria nas eleições legislativas de junho "com um novo líder porque o François Fillon ficou desqualificado", o que forçaria Emmanuel Macron a uma coabitação com a direita.