"Descobrimos através da imprensa que a pessoa mais importante deste Governo australiano escondeu intencionalmente [a suspensão do contrato] de nós até ao último minuto. Esta não é uma atitude australiana em relação à França. Talvez não sejamos amigos", disse Thebault numa entrevista com a televisão ABC de Paris.
O cancelamento do contrato com o Grupo Naval francês, avaliado em cerca de 55,611 mil milhões de euros, segue-se ao anúncio na semana passada de um acordo de defesa entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido, que inclui o desenvolvimento de submarinos nucleares na Austrália.
Thebault está na capital francesa depois de o Governo ter chamado os seus embaixadores em Camberra e Washington para consultas a fim de expressar o seu descontentamento com a forma como a Austrália e os EUA forjaram o acordo nas suas costas.
"Este foi um processo que durou 18 meses. Enquanto estávamos empenhados em fazer o melhor programa (…) houve um projeto completamente diferente que descobrimos, graças à imprensa, uma hora antes do anúncio. Podem imaginar a nossa raiva, sentimo-nos enganados", acrescentou.
Thebault disse ainda que o Governo francês foi o último a saber do acordo da Austrália com os EUA e o Reino Unido e salientou que "é uma questão de princípio, dignidade e respeito mútuo na relação entre os Estados".
O Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, acusou na semana passada a Austrália e os EUA de "mentira, duplicidade, uma grande quebra de confiança e desprezo".
Alguns países da região Indo-Pacífico manifestaram o seu desagrado pela assinatura do ambicioso acordo de defesa pelos EUA, Austrália e Reino Unido, que equipará a frota da nação oceânica com submarinos de propulsão nuclear.
A Coreia do Norte acusou hoje os signatários, e principalmente Washington, de "perturbar o equilíbrio estratégico na região da Ásia-Pacífico" e desencadear uma corrida às armas nucleares com um pacto a que chamou "extremamente indesejável e perigoso".
Pela sua parte, a Malásia e a Indonésia queixaram-se no domingo que o acordo provocará outras potências a agir de forma mais agressiva na região, especialmente no disputado Mar da China Meridional.
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