A convocação para essas greves escalonadas foi aprovada pelo Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), sindicato com cerca de 200 mil membros que anunciou a primeira das paralisações para o dia 18 de janeiro.

O que Fonacate definiu como um calendário de mobilizações e protestos foi justificado, em documento divulgado após assembleia, pela “ausência de políticas salariais do Governo, num momento em que os funcionários estavam com a renda congelada desde 2017, com perdas inflacionárias acumuladas de 27%.”

O mal-estar entre funcionários do Governo do Brasil começou a manifestar-se na semana passada na Receita Federal, quando cerca de 500 trabalhadores pediram exoneração dos seus cargos por incumprimento de compromissos salariais que o Governo tinha assumido com aquele departamento.

Os pedidos de exoneração ocorreram após a aprovação no Congresso brasileiro do orçamento para 2022, que não contemplou os aumentos esperados pelos fiscais de impostos da Receita Federal e também cortou os recursos direcionados àquela área, que esta subordinada ao Ministério da Economia.

Ao contrário, foi incluída no orçamento uma verba destinada ao aumento salarial dos agentes da Polícia Federal, acordada no último minuto pelo Governo para atender um setor considerado parte da base política do Presidente Bolsonaro, que aspira renovar seu mandato nas eleições de outubro de 2022.

A situação gerada por esses orçamentos também impactou outros sindicatos de servidores, que, como o Fonacate, já planeiam entrar em greve nas próximas semanas.

De facto, a assembleia de Fonacate concordou em manter uma linha de diálogo com os demais sindicatos e a possibilidade de fazer uma greve geral no setor público em fevereiro, caso não haja resposta do Governo.

Até agora, o Presidente brasileiro não falou sobre essa situação, está numa praia do sul do país de férias desde a semana passada e, segundo fontes oficiais, só planeia voltar para Brasília após o final do ano.