
Segundo o The Guardian, o livro deve ser publicado no início do próximo ano."Um Hino à Vida" contará a história de Pelicot "nas suas palavras, oferecerá consolo e esperança e fará uma contribuição positiva para mudar a conversa sobre vergonha e mudar o mundo", disse a editora The Bodley Head, uma chancela da Penguin Random House.
"Sou imensamente grato pelo apoio extraordinário que recebi desde o início do julgamento", disse Pelicot. "Agora quero contar a minha história com as minhas próprias palavras. Através deste livro, espero transmitir uma mensagem de força e coragem a todos aqueles que são submetidos a provações difíceis. Que nunca sintam vergonha. E, com o tempo, que até aprendam a saborear a vida novamente e encontrem paz".
Gisèle Pelicot, que foi casada com Dominique durante cerca de 50 anos, tornou-se um ícone feminista por se recusar a ter um julgamento à porta fechada, para que “a vergonha mude de lado”.
Dominique Pelicot, de 72 anos, foi condenado a 20 anos de prisão pelo Tribunal de Avignon, no sul de França, em novembro de 2024 por drogar reiteradamente a sua ex-mulher, Gisèle, sujeitando-a a ser violada enquanto estava inconsciente por dezenas de homens que recrutou pela internet entre 2011 e 2020.
Para além de Dominique Pelicot, o processo de Avignon resultou na condenação de 50 outros acusados de violação de Gisèle sob o efeito de drogas, com idades compreendidas entre os 27 e os 74 anos, dos quais 17 recorreram da sentença, sem contar com Dominique, que só comparecerá como testemunha no novo julgamento.
O julgamento do recurso dos 13 arguidos condenados que não retiraram o pedido terá lugar de 6 a 21 de outubro em Nîmes, no sul da França.
Dominique Pelicot está ainda a ser acusado pela unidade de “casos arquivados” de Nanterre por uma tentativa de violação em 1999 e por uma violação e posterior homicídio de uma agente imobiliária de 23 anos em Paris, em 1991.
O primeiro livro sobre o caso, “E Deixei de Te Chamar Papá”, foi lançado em Portugal pela editora Guerra e Paz em fevereiro, para chamar a atenção das pessoas para o “flagelo” da submissão química, “um verdadeiro problema de saúde pública em França e, sem dúvida, noutros países da Europa”, disse na altura Caroline Darian, filha de Pelicot, em entrevista à Lusa.
“Assim que o livro foi publicado, recebi muitos testemunhos e disse a mim mesma que tinha verdadeiramente de ajudar, de continuar o combate para contar a verdade e dar voz às vítimas que ainda hoje são invisíveis em França”, afirmou, referindo que é esse o objetivo da sua associação #Mendorspas (Não Adormeça, em português), criada há cerca de dois anos.
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