Em comunicado, o Ministério da Defesa Nacional anunciou que o novo conselho de administração do Arsenal do Alfeite foi designado hoje e que a mudança ocorreu “após a renúncia”, em 25 de junho, dos anteriores responsáveis, tal como a Lusa tinha noticiado.
“À nova administração caberá garantir a resposta operacional necessária à Marinha Portuguesa e um desenvolvimento eficaz das respetivas competências. Para este efeito e por determinação do Ministro da Defesa Nacional, competirá também à nova administração a apresentação com caráter de urgência de um plano estratégico e de investimento”, lê-se no texto.
No comunicado é acrescentado que “após aprovação pela tutela”, este plano “permitirá soluções estruturais com vista à sustentabilidade da empresa, à maximização do respetivo potencial e ao reforço suplementar da capacidade exportadora”.
Como presidente executivo foi designado o engenheiro Bernardo Soares, como vogal executivo o comodoro Francisco Antunes e como vogal não executivo o capitão-de-mar-e-guerra Luís Gonçalves. De acordo com o Governo, a estes elementos vão juntar-se “proximamente” uma administradora executiva e uma outra não executiva.
O ministério adianta que Nuno Melo visitará, “nas próximas semanas”, as instalações do Arsenal do Alfeite, “ocasião que servirá também para reunir com a nova administração e contactar os trabalhadores”.
A nova administração do Alfeite foi nomeada em assembleia geral da idD Portugal Defence, a ‘holding’ estatal que detém o estaleiro, com conhecimento do ministério da Defesa, “no contexto de um propósito de reestruturação que implicará o acompanhamento do processo pela tutela para a prossecução dos objetivos pretendidos, tendo em conta as necessidades da Marinha Portuguesa e o interesse nacional”, adiantou a tutela.
O conselho de administração do Arsenal do Alfeite apresentou a sua renúncia ao cargo, confirmou hoje a Lusa junto de fonte oficial deste órgão e da comissão de trabalhadores do estaleiro.
Em 25 de junho, o ministro da Defesa Nacional afirmou que recebeu o Arsenal do Alfeite “tecnicamente falido” e que contraiu empréstimos de cerca de dois milhões de euros para pagar salários e cumprir obrigações fiscais.
“Recebemos um Arsenal do Alfeite tecnicamente falido, com inúmeros navios retidos muito acima do prazo previsto para a sua manutenção, causando um dano grande para o cumprir de missões, para a eficácia da Marinha Portuguesa mas a que teremos de dar resposta”, anunciou.
Na altura, o governante e presidente do CDS-PP disse ter pedido que lhe fosse apresentado, no prazo de 30 dias, um conjunto de “possibilidades de saneamento da situação trágica financeira atual do Arsenal do Alfeite e propostas quanto a possíveis medidas que tenham em vista um outro modelo que garanta à Marinha portuguesa o que a Marinha necessita”.
A comissão de trabalhadores ainda aguarda a reunião que pediu ao ministro da Defesa, Nuno Melo, para saber que medidas estão a ser estudadas para resolver a atual situação financeira do estaleiro, que querem manter público.
O Arsenal do Alfeite já atravessou, no passado, graves problemas financeiros que se chegaram a traduzir em atrasos de salários e até do subsídio de Natal em 2020 aos mais de 400 trabalhadores que constituem esta empresa, responsável pela reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa.
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