António Costa falava aos jornalistas após mais uma inauguração no âmbito do “PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) em Movimento” sobre respostas sociais em Braga.

Interrogado se a ministra da Agricultura tem condições para continuar nas suas funções, após a demissão da sua secretária de Estado, Carla Alves, cerca de 26 horas após ter sido empossada nesse lugar, o primeiro-ministro respondeu com um “sim”.

Questionado se o Presidente da República contribuiu para a instabilidade política ao afirmar que a secretária de Estado demissionária da Agricultura, Carla Alves, estava diminuída do ponto de vista político, António Costa contrapôs que “o primeiro-ministro não comenta as palavras” do chefe de Estado.

“O Presidente da República é o Presidente da República, é eleito por todo os portugueses e, portanto, exprime aquilo que bem entende”, alegou.

António Costa afirmou depois que “a avaliação política do Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] é uma matéria”.

“O que disse na Assembleia da República – e posso continuar a repetir - é que a doutora Carla Alves não foi objeto de nenhuma acusação judicial. Foi questionada através do meu gabinete relativamente às suas contas [bancárias] e aquilo que disse é que era titular de uma conta conjunta e tinha declarado tudo o que tinha a declarar às finanças. Ela própria entendeu apresentar a sua demissão. É um caso que está encerrado”, sustentou.

Questionado se está cansado dos casos que têm afetado o seu executivo e se ainda tem mão no seu Governo, António Costa começou por introduzir uma nota de humor na sua resposta.

“As minhas estão aqui”, disse, levantando-as e mostrando-as bem perante as câmaras. A seguir, disse: “Evidentemente, ninguém gosta de ter problemas nas suas organizações”.

“Se houver problemas na Antena 1, na SIC, na TVI ou na RTP, ninguém gosta de ter problemas - e eu, obviamente, não gosto de ter problemas. Agora, não confundamos o que é o essencial”, advertiu.

O essencial, de acordo com António Costa, “são os problemas que atingem a vida dos portugueses”. “E é nesses que nos temos de concentrar e focar para que o país siga para a frente”, acrescentou.

“O Governo está coeso”, declarou Costa. De acordo o líder do executivo, “até agora”, dentro da sua equipa governativa, “nenhuma das alterações ou remodelações teve a ver com coesão do Governo”.

“Tiveram a natureza mais diversa: Pessoas que infelizmente adoeceram; pessoas que tiveram problemas políticos, ou outras razões. Mas não há um problema de coesão e, por isso, como tenho e dito – e as pessoas têm constatado -, o essencial tem sido assegurado, a estabilidade das políticas” defendeu.

Carla Alves apresentou na quinta-feira a sua demissão por entender não dispor de "condições políticas e pessoais" para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.

O Correio da Manhã noticiou no mesmo dia o arresto de contas conjuntas que a secretária de Estado da Agricultura demissionária tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira, informação divulgada menos de 24 horas depois da tomada de posse da governante.

O Ministério Público acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do advogado e antigo autarca socialista, que saiu da liderança do município em 2017, num processo de mais de 4,7 milhões de euros que tem mais três arguidos.

Em causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste concelho do distrito de Bragança.

De acordo com a investigação, foram detetadas nas contas do casal ao longo de vários anos divergências entre os valores depositados e declarados.