A ação do Governo, aprovada em Conselho de Ministros, dá assim luz verde à Enresa, a empresa pública espanhola responsável pela gestão dos resíduos radioativos, para lançar o concurso para os trabalhos de desmantelamento da central nuclear situada na província de Cáceres (Extremadura), junto ao rio Tejo e que faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre.

Segundo a agência de notícias espanhola EFE, a decisão do executivo espanhol, liderado pelo socialista Pedro Sánchez, ocorre apesar da recente intensificação do debate sobre a conveniência de renunciar a esta forma de energia.

Nas últimas semanas, as principais empresas energéticas de Espanha – e proprietárias da central - pediram uma reavaliação do calendário de encerramento da central nuclear, que começará com o fecho do primeiro dos dois reatores de Almaraz.

No final de março, o presidente da Iberdrola Espanha, Mario Ruiz-Tagle, sublinhou a necessidade de uma nova análise “aberta, clara, transparente e serena” do encerramento nuclear, enquanto o presidente da Endesa, José Bogas, insistiu que seria “um erro” encerrar as centrais nucleares e defendeu “o adiamento”.

Por seu lado, o presidente da Naturgy, Francisco Reynés, chegou a propor o prolongamento da central de Almaraz por dois ou três anos e, entretanto, "replanear o futuro".

As proprietárias da central de Almaraz são a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).

Neste sentido, o Partido Popular (PP, direita) inscreveu no Congresso dos Deputados um projeto de lei para prolongar a vida útil das centrais nucleares em Espanha, depois de ter debatido uma proposta não legislativa, rejeitada na Comissão de Transição Ecológica do Congresso dos Deputados.

“Penso que é uma forma de gerar muito ruído e, até agora, não vimos nenhuma proposta”, afirmou a terceira vice-presidente e ministra da Transição Ecológica, Sara Aagesen, em entrevista à EFE, no final de março, sobre o debate que surgiu em torno do calendário de encerramento das centrais nucleares.

Em operação desde 1981 (operação comercial desde 1983), a central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.