“Não basta que, por dois ou três dias, vejamos declarações apaziguadoras do Presidente [Recep Tayyip] Erdogan, precisamos de atos”, frisou no programa “Le Grand Jury RTL/Le Figaro/LCI”, após o líder turco apelar no sábado à União Europeia (UE) para o diálogo.
Entre os atos esperados, “há alguns que são simples de fazer no Mediterrâneo Oriental, na Líbia, e também há os que são simples de fazer em Nagorno-Karabakh”, disse o ministro francês.
“Temos muitos desacordos” com Ancara, lembrou o chefe da diplomacia francesa, citando a “vontade expansionista” de Ancara, uma política de facto” na Líbia, Iraque e no Mediterrâneo Oriental, “onde na realidade atacam dois países membros da União Europeia, a Grécia e o Chipre”, ou “Nagorno-Karabakh para onde também enviam mercenários sírios”.
“A União Europeia anunciou em outubro que verificaria a postura da Turquia sobre os diferentes assuntos no Conselho Europeu de dezembro, dentro de alguns dias. Será o momento em que verificaremos os compromissos”, concluiu.
Neste sábado, a Turquia prorrogou até 29 de novembro a missão do Oruc Reis, na zona marítima que disputa com a Grécia, com vista à descoberta de vastos campos de gás.
A presença deste navio tem suscitado tensões com a UE que, este mês, renovou por um ano as sanções contra Ancara e ameaçou endurecê-las.
Entre as medidas adotadas estão restrições à emissão de vistos e congelamento de bens de pessoas ligadas à exploração de gás na zona contestada do Mediterrâneo.
“Esperamos da UE que cumpra as suas promessas, que não nos discrimine ou, pelo menos, que não se torne um instrumento para criar inimizades contra o nosso país”, declarou Erdogan numa alocução transmitida por vídeo no congresso do seu partido, o AKP.
“Não nos vemos noutro lugar que não na Europa. Queremos construir o nosso futuro juntamente com a Europa. Queremos uma cooperação mais forte com os nossos amigos e aliados”, afirmou.
“Acreditamos que não temos nenhum problema com qualquer país ou instituição que não possa ser resolvido pela via política, diplomática ou pelo diálogo”, disse ainda.
Os dirigentes da União Europeia adiaram a discussão sobre novas sanções contra a Turquia para a cimeira agendada para o início de dezembro.
Erdogan apelou ao boicote dos produtos franceses depois do apoio expresso pelo presidente Emmanuel Mácron ao direito à caricatura, em nome da liberdade de expressão, na sequência da decapitação, a 16 de outubro, de um professor francês que tinha mostrado caricaturas de Maomé aos seus alunos.
No mesmo discurso, Erdogan declarou que a Turquia queria “utilizar ativamente as suas relações de aliança antigas e estreitas com os Estados Unidos para encontrar uma solução para os problemas regionais e mundiais”
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