Embora desconheça o número exato de autarquias que vão autorizar a realização de feiras, Fernando Sá citou como exemplo as autarquias do Vale do Sousa, nomeadamente Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras (onde foram antecipadas medidas mais restritivas para conter a epidemia de covid-19, devido ao elevado número de casos), mas também Guimarães, Gondomar, Caminha e Espinho.
“Esperamos que esta decisão se mantenha, caso seja decretado o estado de emergência”, sublinhou.
Congratulando-se com o recuo do Governo nesta matéria, ao remeter para as autarquias a decisão de autorizar ou não a realização de feiras, o dirigente da AFMRN lamentou, contudo, que a palavra “proibição” se mantenha na medida anunciada no sábado, no final do concelho de ministros.
“Gostaríamos é que não estivesse a palavra proibição nesta medida, porque isso dá sempre margem de manobra para algumas autarquias que não estão interessadas na realização das feiras locais, o que nos não compreendemos”, disse, apontando os casos das câmaras do Porto e de Vila Nova de Foz Coa.
Segundo o responsável, “nestes dois municípios, desde que foram encerradas em março, as feiras nunca mais reabriram”, mesmo depois de o Governo em maio o ter permitido, desde que fossem implementados os planos de contingência.
“Não entendemos que razões possam existir para que as feiras não se realizem”, afirmou, referindo ter assistido “nos últimos dias”, a discursos “curiosos” como o do presidente da Câmara de Vizela que justificou a suspensão das feiras locais “com o argumento de que os feirantes andam de terra em terra” o que, no entender do autarca, poderia potenciar a transmissão do vírus.
Para Fernando Sá, esta é “uma opinião muito descabida, sem senso nenhum”.
“Basta fazermos a comparação com os transportes públicos” que fazem a ligação entre cidades, observou.
O responsável entende que “se a decisão do Governo não fosse revertida, esta atividade poderia falir e, assim, perder-se um setor histórico, cultural e tradicional”.
“Iríamos tentar, de todas as formas, que isso não acontecesse”, afirmou, admitindo, até, a criação de um partido político “para salvaguardar esta e outras classes do mesmo ramo tradicional”.
Segundo contou à Lusa, “não se avançou com nada, mas a ideia mantém-se”.
Fernando Sá reafirmou ainda que “os feirantes, tal como os supermercados e os hipermercados, vendem produtos essenciais, pelo que devem ser contemplados com medidas iguais”.
A Associação de Feiras e Mercados da Região Norte representa cerca de 8.000 feirantes.
A associação alerta que “se os feirantes não trabalham, não têm como gerar rendimentos para as suas mais elementares necessidades, como comer ou pagar as contas da água e da luz”, e que “se os feirantes não podem trabalhar, todos os fornecedores desses feirantes, a montante, deixarão de ter a quem vender e todos ficarão sem rendimento”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 2.590 em Portugal.
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