“Os trabalhos de reparação e de reforço da barreira estão em curso após pessoas do lado turco terem tentado destruí-la e entrar no território grego nos últimos dias”, indicou uma fonte governamental grega, citada pela agência France-Presse (AFP).

Segundo os jornalistas da AFP destacados no local, a situação registada esta segunda-feira ao longo da via ferroviária localizada perto do posto fronteiriço grego de Kastanies (Pazarkule, no lado turco) estava mais calma em comparação aos dias anteriores.

A única movimentação verificada no local eram os trabalhos efetuados pelos elementos e pelos veículos pesados do exército grego.

Na semana passada, milhares de migrantes concentraram-se junto da barreira para exigir a entrada no território grego.

Para travar a multidão, a forças antimotim gregas recorreram ao uso de gás lacrimogéneo.

No domingo, o Governo grego, liderado pelo primeiro-ministro conservador, Kyriakos Mitsotakis, anunciou o reforço e o prolongamento desta barreira fronteiriça localizada no nordeste da Grécia.

A barreira tem atualmente uma extensão de 12,5 quilómetros e ficará, segundo os planos do executivo, com uma extensão de cerca de 36 quilómetros.

Este prolongamento “irá ser realizado pelo exército” em certas zonas a sul do rio Evros, que marca a fronteira entre os dois países, onde “é fácil para os migrantes atravessarem para o lado grego”, explicou o presidente de câmara de Soufli (cidade próxima de Kastanies), Panayiotis Kalakinis.

A Grécia está a enfrentar novamente uma forte pressão migratória após a Turquia ter anunciado, em 28 de fevereiro, que deixaria de impedir os migrantes e refugiados que tentassem alcançar a Europa através das fronteiras do país.

A decisão turca foi encarada como uma forma de pressionar a Europa, bem como os aliados na NATO, para assegurar um apoio ocidental ativo aos planos de Ancara no noroeste da Síria, região que tem sido cenário de intensos confrontos nos últimos meses.

Os líderes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, Charles Michel e Ursula von der Leyen, respetivamente, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, recebem hoje à tarde em Bruxelas o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para “relançar” o diálogo.

Em março de 2016, a União Europeia (UE) e Ancara firmaram um acordo migratório, que previa uma ajuda financeira às autoridades turcas, que tinha como objetivo travar os migrantes e refugiados que pretendiam alcançar a porta da Europa através da Grécia.

“Agora, sejamos honestos, o acordo está morto”, disse, na sexta-feira, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, em declarações à estação televisiva CNN, acrescentando: “E ele morreu porque a Turquia decidiu violar completamente o acordo, por causa do que aconteceu na Síria”.

A Turquia alega que está sob um “pesado fardo migratório”, recordando que é o país que acolhe o maior número de refugiados no mundo (mais de quatro milhões de refugiados, incluindo quase 3,6 milhões de sírios.

Para as autoridades turcas, o país não pode suportar tais encargos sozinho e pede “uma partilha mais equitativa” dos encargos e das responsabilidades.