“É uma adesão grandiosa e bastante significativa”, disse à agência Lusa António Macário, da direção do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Centro.

Às 11:30, segundo o dirigente, “mais de 150 escolas” estavam fechadas nos cinco distritos abrangidos pela organização, que integra a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.

“Não nos admiramos com esta significativa adesão. Este número poderá ainda crescer”, admitindo o sindicato que “outras escolas venham a encerrar” ao longo do dia, nos distritos de Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

António Macário disse haver “um vasto conjunto de situações que levam ao descontentamento dos trabalhadores, que precisavam de dar esta resposta ao Ministério da Educação”.

Aquela federação, filiada na CGTP, convocou para hoje uma greve nacional dos trabalhadores não docentes dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas da rede pública, contestando a falta de pessoal não docente que se verifica há vários anos, entre outras reivindicações.

Alentejo com escolas fechadas e "adesão em massa" à greve de pessoal não docente

Dezenas de estabelecimentos de ensino, desde jardins-de-infância a escolas secundárias, estão hoje encerrados um pouco por todo o Alentejo devido à “adesão em massa” à greve nacional dos trabalhadores não docentes, anunciou o sindicato do setor.

No distrito de Évora, “estão encerradas todas as escolas, desde os jardins-de-infância a secundárias, nos concelhos de Montemor-o-Novo, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas e Viana do Alentejo”, disse à agência Lusa Mariana Reto, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA).

Segundo a dirigente sindical, no concelho de Évora “todas as escolas do 2.º e 3.º ciclos e as secundárias também estão encerradas”, assim como “algumas primárias”.

“Ainda nos faltam dados de outros concelhos do distrito porque não conseguimos contactar as escolas”, afirmou Mariana Reto, frisando, contudo, já em jeito de balanço, tratar-se de “uma boa adesão, uma adesão em massa”, que é mesmo “superior à da última greve” nacional de pessoal não docente.

O que é demonstrativo do descontentamento dos trabalhadores, frisou: “São situações que se têm vindo a arrastar, como a precariedade, o facto de não termos aumentos salariais há 11 anos ou a falta de funcionários, que deve rondar os 40 a 50 no distrito, e a falta de segurança e de vigilância dos alunos”.

Na escola Básica e Secundária Dr. Isidoro de Sousa, em Viana do Alentejo, visitada hoje pela Lusa, a calma impera. O portão está aberto, mas na portaria não se encontra ninguém e, no recinto, não se avistam crianças, nem funcionários, apenas algumas professoras numa pausa do trabalho.

“A escola está fechada. Não há atividade letiva e não há hoje crianças, devido à greve”, foi a informação fornecida à Lusa.

Também no distrito de Portalegre, a “larga maioria” das escolas está encerrada ou sem atividade letiva [sem o número suficiente de funcionários], indicou à Lusa a coordenadora da União de Sindicatos do Norte Alentejano (USNA), Helena Neves.

De acordo com a sindicalista, na cidade de Portalegre estão encerrados dois dos estabelecimentos de ensino com mais alunos, a Escola Básica 2,3 José Régio e a Escola Secundária de São Lourenço.

Mais a sul, em Beja, a greve obrigou ao fecho de todas as oito escolas da cidade capital de distrito, desde o 1.º ciclo do ensino básico ao secundário, e, no concelho, estão só a funcionar escolas básicas nas freguesias rurais, revelaram à Lusa as direções dos dois agrupamentos.

A Lusa contactou o coordenador e a delegação de Beja do STFPSSRA, mas ninguém esteve disponível, até ao final da manhã, para facultar dados da adesão à greve no distrito.

A greve nacional de hoje, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, visa protestar contra a falta crónica de funcionários nas escolas, reivindicando ainda o fim da precariedade, a integração dos atuais trabalhadores precários e a contratação imediata de mais 6.000 trabalhadores para os quadros.

A lista de reivindicações inclui ainda uma nova portaria de rácios e dignificação salarial e funcional e o fim do processo de descentralização das escolas públicas, e um ensino universal, inclusivo e de qualidade.