O coordenador no Alentejo do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Edgar Santos, disse que a adesão à greve ronda os 57,8% no Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, pertencente à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).

A paralisação “está a afetar vários serviços” nesta unidade, mas tem efeitos mais visíveis no bloco operatório, segundo o sindicalista, que explicou que uma das duas salas de cirurgias programadas fechou.

Quanto ao Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Celso Silva, igualmente dirigente do SEP, revelou à Lusa que a greve ronda “os 60 a 65%” e que existem “vários serviços com 100% de adesão”, nomeadamente “os de Urgência, Psiquiatria e Sangue”, tal como “a Unidade de Cuidados Intensivos e a Ortopedia”.

O bloco operatório, destacou, “também está parado no que diz respeito a cirurgias programadas, porque as duas salas estão fechadas, e só estão a ser realizadas cirurgias de urgência”.

Já Helena Neves, do SEP no litoral alentejano, explicou que a adesão ao protesto é de “86,9%” no Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, e que “quatro cirurgias no Bloco Central não foram realizadas”, o mesmo acontecendo no Ambulatório, em que “12 cirurgias de oftalmologia” foram adiadas.

No distrito de Portalegre, o SEP ainda não disponibilizou dados sobre o hospital da sede de distrito, mas indicou que, no Hospital de Elvas, a adesão à paralisação “é de 34,6%”.

A Lusa efetuou hoje uma ronda pelo hospital e pelo Centro de Saúde de Portalegre, integrados na Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), tendo constatado, junto dos utentes, que a greve pouco se está a fazer sentir.

Ainda assim, apesar de parte dos utentes nem se ter apercebido de que hoje é um “dia de luta” para os enfermeiros, o bloco operatório não está a realizar cirurgias programadas (exceto oncológicas) e só tem a funcionar uma sala de cirurgias de urgência, revelou fonte da ULSNA.

“Vim a uma consulta de cirurgia geral. Vi por aqui os enfermeiros do serviço e confesso que nem sabia que havia greve, está tudo a decorrer com normalidade”, relatou um dos utentes, João Carlos Antunes, à saída do hospital.

No serviço de Urgência desta unidade apenas estão a funcionar os serviços mínimos, mas foi possível constatar que só meia dúzia de utentes se encontrava na sala de espera.

Uma enfermeira de serviço no hospital e que pediu para não ser identificada admitiu que a greve só deverá ter “maior impacto” na sexta-feira, com o fim de semana “à porta".

Já em duas unidades de saúde familiares da cidade, bem como na unidade de cuidados na comunidade, a funcionar no Centro de Saúde de Portalegre, os serviços de enfermagem decorrem com normalidade e sem registo de adesão à greve.

Os enfermeiros iniciaram às 08:00 de hoje uma greve de dois dias pela “valorização e dignificação” destes profissionais e que ficou agendada apesar da marcação de um calendário de negociações com o Governo sobre as suas 15 reivindicações.

O protesto, marcado pelo SEP, começou no turno da manhã e termina às 24:00 de sexta-feira, visando a valorização e dignificação dos enfermeiros.

O SEP reivindica, entre outras matérias, o descongelamento das progressões da carreira e a contratação imediata de 500 profissionais do setor e de mais mil entre abril e maio.