Em declarações à agência Lusa, Guida da Ponte, da comissão executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), revelou os primeiros dados da adesão à greve: “cerca de 75% nos cuidados de saúde primários”.

No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, dos “20 e tal blocos, apenas três estão a funcionar” e no Hospital de São José, dos seis blocos, estão três a funcionar, adiantou Guida da Ponte.

“Os dados preliminares garantem uma grande adesão tal como ocorreu em maio”, acrescentou Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), lembrando que a principal exigência dos médicos é a reposição dos direitos retirados com as medidas da ‘troika’.

Os clínicos reclamam a redução de 18 para 12 horas semanais dos turnos nos serviços de urgência, bem como a diminuição dos utentes por médico de família de 1.900 para 1.500 pessoas.

Os médicos da região Sul e das Regiões Autónomas estão em greve desde as 00:00 de hoje, num dia de paralisação regional que já decorreu no norte e que antecede um dia de greve nacional, prevista para 8 de novembro.

Numa ronda pelo Hospital de São José e dois centros de saúde lisboetas – Centro de Saúde de Alvalade e Centro de Saúde de Sete Rios – a situação apresentava-se normal.

“Está tudo a trabalhar normalmente, em especial ali nas urgências. Ali não há doentes, só médicos”, afirmou Augusto José Duarte, que hoje de manhã foi atendido no Hospital de São José tal como estava marcado.

Alierta Gonçalves saiu de madrugada de Loulé para conseguir chegar a horas à consulta que também estava marcada para o Hospital São José e só a meio da viagem se apercebeu da greve dos médicos.

“Vou ter consulta. Vinha com receio porque venho do Algarve, de Loulé, mas felizmente o meu médico não fez greve”, contou à Lusa Alierta Gonçalves, enquanto aguardava na sala de espera pela sua vez.

Segundo a paciente do Algarve, as funcionárias do hospital garantiram-lhe que, caso o seu médico fizesse greve, seria atendida por um colega.

Também à espera de ser chamado, José Joaquim Ramos confirmou à Lusa que não tinha sido afetado pela greve dos médicos enquanto aguardava na sala de espera ao lado de dezenas de pacientes.

Hoje de manhã, o ambiente no Hospital São José era calmo e sem grandes exaltações assim como no Centro de Saúde de Alvalade, onde os pacientes iam sendo atendidos pelos profissionais de saúde.

A Lusa encontrou apenas uma pessoa afetada pela greve, que tinha a consulta marcada há mais de um mês: “Estou a faltar ao trabalho e chego aqui e estão a fazer greve. Vim cá pagar parquímetro. Quem devia pagar era o Estado”, criticou Ana Santos, enquanto abandonava o centro de saúde em direção ao carro.