"Médicos unidos jamais serão vencidos" ou "Adalberto desaparece, o SNS agradece" foram das frases mais gritadas pelos médicos na concentração de hoje à tarde, que coincidiu com o primeiro de três dias de greve nacional.

Na carrinha que servia de púlpito aos manifestantes que quisessem discursar durante a concentração, Afonso Moreira, do Movimento "Médicos Indiferenciados, Não", disse que se o ministro Adalberto Campos Fernandes "continuar o atual caminho, ficará na história como o médico que matou o SNS".

A frase arrancou aplausos aos médicos em protesto, muitos deles vestidos com batas brancas ou com camisolas pretas e crachás do movimento "SNS in Black".

Além de pedirem "Adalberto, desaparece", os médicos também cantaram "Berto Chau", numa adaptação da música popular italiana "Bella Ciao", uma canção da resistência italiana que foi recentemente recuperada pela série espanhola La Casa de Papel.

“Oh Adalberto, só conversa / Berto chau, Berto chau, Berto chau, chau, chau / Oh Adalberto, não conhece / Não conhece o SNS” foi a adaptação cantada pelos médicos à porta do Ministério da Saúde, em Lisboa.

Ainda mais claro sobre "os passos seguintes" a dar no SNS, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira, defendeu que está na altura de se pensar na substituição do ministro da Saúde.

“O passo seguinte agora (depois da greve que decorre entre hoje e quinta-feira) será substituir o ministro da Saúde. Adalberto Campos Fernandes está esgotado”, afirmou à agência Lusa Rui Nogueira, que participou na concentração promovida pela Federação Nacional de Médicos (FNAM) e onde estiveram mais de 200 profissionais.

Os médicos iniciaram hoje às 00:00 três dias de greve nacional.

A reivindicação essencial é “a defesa do Serviço Nacional de Saúde” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação – o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.