"O Governo montou um circo mediático e colocou-se de um dos lados da barricada", considera Rui Rio, defendendo que o Executivo se empenhou "na criação de uma conjuntura que o pudesse beneficiar eleitoralmente".
O presidente do PSD defende que "o Governo está a gerir este dossiê mais preocupado com a popularidade que pudesse angariar para si próprio nas eleições" do que com a resolução "real do problema".
Rui Rio afirma que o Governo "não procurou evitar o conflito", limitando-se a recomendar os portugueses a abastecerem e dando a greve como inevitável.
"O clima adequado para poder fazer o quê? Tomar medidas punitivas, tentando demonstrar que é forte, que mete os grevistas na ordem e acima de tudo - o que é o mais perverso - que salva os portugueses de um caos que ele próprio criou no imaginário das pessoas", afirmou Rio.
Para o presidente do PSD, o Governo apenas mudou de estratégia, procurando ser "mais imparcial" e fomentar o diálogo, ao quarto dia de greve, "porque estava a começar a perder o pé".
"O PSD sempre defendeu isto que agora começou a acontecer", afirmou Rui Rio, dizendo que "o PSD não participou no circo [mediático]". "Acho que tivemos razão no que dissemos, no recato que fomos guardando e no sentido de Estado que acho que demonstrámos", continuou.
Rui Rio apelou ainda "à boa-fé de ambas as partes", quer dos sindicatos quer da entidade patronal, e "à isenção do Governo, de forma a que possa ser um árbitro".
Rio sublinhou ainda que o Presidente da República pode ser um recurso para a resolução deste conflito, caso o primeiro-ministro e o Governo não estejam "capazes de ser árbitros".
Os motoristas de transportes de matérias perigosas cumprem hoje o quinto dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
A greve foi inicialmente convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
Na quinta-feira, dia 15, à noite, o Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias desconvocou a greve, tendo voltado ao trabalho esta sexta-feira.
Na quarta-feira, a Antram chegou a entendimento com a federação sindical da CGTP, a Fectrans, que não convocou a greve.
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