Contactada pela agência Lusa sobre a missão e composição do grupo de trabalho, o gabinete de imprensa do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, indicou que o grupo de trabalho foi constituído no âmbito da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

O grupo é constituído pela curadora da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), Sandra Vieira Jurgens, e por “duas personalidades de reconhecido mérito na área”, os historiadores e professores Pedro Lapa e Luís Urbano Afonso, indicou a mesma fonte.

“Até ao final do mês de junho este grupo de trabalho, com base nas avaliações existentes, designadamente da Sotheby’s e da Christie’s (as mais recentes), tem de atualizar essas avaliações, e também aferir das condições de conservação da coleção”, acrescentou a fonte oficial, sobre a missão atribuída aos especialistas.

De acordo com o Ministério da Cultura, “será com base nesse exercício que a Direção-Geral do Tesouro e Finanças vai trocar créditos que tem junto da comissão liquidatária do Banco Privado Português pela Coleção Ellipse”.

“Nas últimas semanas foram dados passos importantes, tendo sido designadamente encontrado um entendimento em torno da metodologia para fixar o valor da coleção Ellipse”, apontou ainda a tutela sobre esta etapa, que irá contribuir para a criação de um novo museu de arte contemporânea no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, a partir de janeiro de 2023.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, anunciou na última semana que o Governo denunciou o protocolo entre o Estado e a colecionador e empresário José Berardo, sobre a coleção que criou aquele museu, e que se renovaria automaticamente no final do ano.

Na mesma altura, anunciou a aquisição da Coleção Ellipse, num processo que inclui a extinção Fundação de Arte Moderna e Arte Contemporânea – Coleção Berardo e a criação de um museu de arte contemporânea “que potencie várias coleções” no CCB.

No seguimento da decisão de denúncia do acordo de comodato e da criação de um museu de arte contemporânea – cuja criação está prevista no Orçamento do Estado para 2022 -, o Estado conta “muito em breve” adquirir a Coleção Ellipse e depositá-la no CCB.

Pedro Adão e Silva revelou, na altura, que a coleção “está em boas condições” e conta com cerca de “800 peças”.

A coleção da Fundação Ellipse foi criada em 2004, inicialmente como um fundo de investimento internacional que representou cerca de 20 milhões de euros, patrocinado por um grupo de trinta investidores portugueses e estrangeiros.

No entanto, João Rendeiro, ex-presidente do BPP, principal impulsionador do projeto, acabou por transformar o fundo num centro de arte contemporânea privado, em Alcoitão, na altura visitável pelo público de sexta-feira a domingo.

O ex-banqueiro foi encontrado morto a 13 de maio, numa prisão da África do Sul - na sequência de um processo judicial, fuga e detenção - e a sua coleção de arte pessoal, com cerca de 120 obras, ficou na posse da mulher, declarada fiel depositária pelas autoridades portuguesas.

Em 2011, durante uma visita de imprensa à exposição anual de obras da Coleção Ellipse, no espaço expositivo de Alcoitão, Alexandre Melo, então curador e consultor da Fundação Ellipse, indicou à agência Lusa que a maioria das obras ali apresentadas, quase exclusivamente do século XXI, ainda não tinham sido mostradas ao público.

Na altura, Alexandre Melo acrescentou que a exposição era realizada totalmente com base na coleção Ellipse, que contava, nessa altura, com cerca de um milhar de obras.

A exposição organizada pela Ellipse Foundation Contemporary Art Collection intitulava-se "The Last First Decade" e propunha-se revisitar as vanguardas históricas a partir de obras do primeiro decénio do século XXI.

Entre os artistas contavam-se Pedro Cabrita Reis, David Claerbout, Nick Oberthaler, Rodney Graham, João Onofre, Steven Shearer, Julião Sarmento, Dash Snow, Hiroshi Sugimoto, Tatjana Doll, Sophie Calle, Glenn Ligon, Mona Hatoum, Catherine Opie, Gonzalo Puch, Wolfgang Tillmans, Júlia Ventura, Kiluanji Kia Henda, José Iraola e a dupla João Maria Gusmão e Pedro Paiva.

A Lusa tentou contactar hoje o curador Alexandre Melo, mas ainda não obteve uma resposta.

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