“Estão a desculpar-se, como sempre, com a sabotagem, [mas] não existe sabotagem, é simplesmente a corrupção, a falta de manutenção, a falta de técnicos especializados”, disse Guaidó à imprensa, após presidir a um ato de comemoração do Dia Internacional da Mulher, no leste de Caracas.
A Venezuela sofreu, desde as 22:00 locais de quinta-feira e até às 20:00 de hoje, um corte de abastecimento de energia elétrica que afetou quase todo o território.
O corte ocorreu após uma avaria na central hidroelétrica de Guri, situada no Estado de Bolívar, no sul do país, e que abastece de energia cerca de 70% do país.
O Governo de Nicolás Maduro responsabilizou então o senador norte-americano Marco Rubio e a oposição local pelo problema, que classificou como “um ataque tecnológico” e “sabotagem”.
Mas Guaidó indicou hoje que o próprio Governo chavista decretou uma crise no setor elétrico há quase uma década, em 2009, e anunciou investimentos de pelo menos 100.000 milhões de dólares para enfrentar a emergência.
O Presidente interino recordou também quem, em fevereiro de 2017, o parlamento, controlado pela oposição venezuelana, emitiu um voto de censura contra o titular da pasta da eletricidade, Luis Motta Domínguez, que responsabilizava, em parte, pela crescente emergência no setor – o que, na prática, levou à sua destituição.
“A crise elétrica, denunciamo-la desde 2017. Lamentavelmente, isto não é novo: esta crise e esta tragédia são responsabilidade do regime [de Maduro]”, acrescentou.
A Venezuela atravessa uma emergência económica e dos serviços públicos que se manifesta mais fortemente nas regiões rurais, mas que já afeta também a cidade de Caracas, a capital do país e sede dos poderes públicos.
O Governo venezuelano atribui a alegadas sabotagens e ataques as recorrentes falhas nos serviços, mas a oposição e os especialistas apontam o desinvestimento e a má gestão como as verdadeiras causas da crise.
Tudo isto se passa num contexto de tensão política crescente na Venezuela desde que, em janeiro passado, Maduro tomou posse para um segundo mandato presidencial de seis anos, depois de vencer eleições não-reconhecidas pela oposição e pela maioria da comunidade internacional, e, em resposta, Juan Guaidó se autoproclamou Presidente interino e foi, quase de imediato, reconhecido por 50 países.
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