Guterres discursou numa reunião ministerial sobre a situação do conflito ucraniano, convocada pela França e intitulada “A luta contra a impunidade na Ucrânia”, a qual contou com os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
"A guerra da Rússia na Ucrânia não mostra sinais de cessar. Os últimos sete meses foram de sofrimento e devastação indescritíveis. Os últimos desenvolvimentos são perigosos e perturbadores. Eles estão mais longe de qualquer perspetiva de paz – e em direção a um ciclo interminável de horror e derramamento de sangue", iniciou Guterres.
"Como eu disse desde o início, esta guerra sem sentido tem potencial ilimitado para causar danos terríveis – na Ucrânia e em todo o mundo. A ideia de conflito nuclear, outrora impensável, tornou-se objeto de debate. Isso por si só é totalmente inaceitável. Todos os Estados com armas nucleares devem comprometer-se novamente com o não uso e a eliminação total de armas nucleares", exortou o secretário-geral.
Apesar dos apelos, António Guterres não referiu - diretamente - em nenhum momento as ameaças feitas na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, sobre uma escalada nuclear da guerra.
Nas suas declarações perante o Conselho de Segurança, Guterres alertou que, diariamente, "em média cinco crianças são mortas ou feridas" na Ucrânia, "marcadas pelo pesadelo da guerra, desde a violência à separação familiar".
"Cerca de 14 milhões de pessoas foram forçadas a fugir, a maioria mulheres e crianças. A situação só vai piorar com a aproximação do inverno e com a diminuição do fornecimento de gás e eletricidade", disse.
Guterres fez também menção ao trabalho que o Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos tem feito em território ucraniano, salientando o "impacto inaceitável desta guerra nos direitos humanos".
"Os relatórios são um catálogo de crueldades: execuções sumárias, violência sexual, tortura e outros tratamentos desumanos e degradantes contra civis e prisioneiros de guerra. Os últimos relatos de cemitérios em Izyum são extremamente perturbadores", advogou, pedindo que todas essas alegações sejam minuciosamente investigadas, para que seja garantida a responsabilização pelas mesmas.
Esta reunião do Conselho de Segurança é presidida pela ministra dos Negócios Estrangeiros de França, Catherine Colonna, e contou ainda com declarações do procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan.
Foram ainda autorizados a participar na reunião Estados-membros como Bielorrússia, República Checa, Alemanha, Lituânia e Polónia. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também integrou a reunião.
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