O artigo publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) desafia um dos princípios fundamentais da linguística, segundo o qual a relação entre o som de uma palavra e o seu significado é completamente arbitrário. "Estes padrões simbólicos de sons aparecem repetidas vezes ao redor do mundo, independentemente da dispersão geográfica dos humanos e da linhagem da língua", diz Morten Christiansen, professor de psicologia na Universidade Cornell, em Nova Iorque.
"Parece haver algo sobre a condição humana que conduz a estes padrões. Não sabemos o que é, mas sabemos que está lá", acrescentou Christiansen, diretor do Laboratório de Neurociências Cognitivas de Cornell.
Para o estudo, os cientistas analisaram dezenas de palavras do vocabulário básico em 62% dos mais de seis mil idiomas atuais do mundo, como pronomes, partes do corpo, animais, adjetivos e verbos para descrever movimentos. Não todas, mas "uma proporção considerável das 100 palavras do vocabulário básico tem uma forte associação com tipos específicos de sons da fala humana", afirma o estudo.
Por exemplo, na maioria dos idiomas, a palavra para "nariz" tem maior probabilidade de incluir os sons "neh" ou "oo" (como no inglês, "nose"), afirma o estudo. A palavra para "língua" é "susceptível de ter" a letra 'l', e os sons do 'r' costumam aparecer nas palavras para "vermelho" ("red, em inglês) e "redondo".
"Não quer dizer que todas as palavras tenham estes sons, mas a relação é mais forte do que esperávamos", acrescentou Christiansen. São necessárias, porém, mais pesquisas para entender porque alguns sons estão vinculados a certas palavras. Os coautores do estudo trabalham na Universidade de Zurique (Suíça), na Universidade de Leiden (Holanda), no Instituto Max Planck para a História da Ciência (Alemanha) e na Universidade de Leipzig (Alemanha).
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