O movimento libanês pró-iraniano afirmou que os seus milicianos travam "combates violentos" contra as tropas israelitas com vários tipos de armas automáticas nas imediações da aldeia libanesa de Al Qawzah, no mesmo dia em que dezasseis pessoas morreram em Nabatieh devido a bombardeamentos de Israel.

O Ministério da Saúde confirma que 52 pessoas ficaram feridas durante o bombardeamento israelita à cidade de Nabatieh, no sul do Líbano, disse o Ministério da Saúde.

"O balanço final do ataque do inimigo israelita contra os edifícios do município de Nabatieh (…) é de 16 mortos e 52 feridos', afirmou o ministério libanês em comunicado. Entre os mortos estão o autarca e vereadores, além de médicos e um socorrista.

Entre as "várias pessoas" que morreram nos ataques, que atingiram dois edifícios da câmara municipal e um centro médico, está o autarca de Nabatieh, Ahmad Kahil, informou a governadora, que descreveu "um massacre". O Ministério da Saúde libanês anunciou um balanço de pelo menos seis mortos e 43 feridos.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, condenou um bombardeamento "deliberado" contra uma reunião do "Conselho Municipal" em Nabatieh.

ONU condena ataque

A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, também criticou o ataque, ao qual se referiu como uma "violação inaceitável do direito internacional", e exigiu uma "proteção aos civis e às infraestruturas".

O Hezbollah anuncia que lançou uma "salva de roquets contra a cidade de Safed, no norte de Israel, pela terceira vez em 24 horas".

Anteriormente, o grupo islamita disse que esteve envolvido em combates "próximos" com armas automáticas com o exército israelita no sul do Líbano, e afirmou que atacou um tanque com um míssil "guiado".

O exército de Israel anunciou hoje, por seu lado, ter bombardeado uma área dos subúrbios a sul de Beirute, que afirma ser um reduto do movimento pró-Irão, o Hezbollah, assim como a "uma grande cidade do sul do país", depois que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ter dito que é contra um cessar-fogo "unilateral" no Líbano.

Ao sul da capital libanesa, o ataque atingiu durante o amanhecer o bairro xiita de Haret Hreik, minutos após o exército de Israel (IDF) recomendar a saída dos moradores da área. As forças israelitas anunciaram ter atingido um depósito de armas do Hezbollah.

Este foi o primeiro bombardeamento em vários dias na periferia sul de Beirute, onde o IDF afirma ter concentrado os ataques desde o início da campanha no Líbano há quase um mês, antes de bombardear outras zonas do leste e sul do país.

Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, afirmou ser contra os bombardeamentos em Beirute.

 "Dezenas de alvos do Hezbollah"

O exército israelense afirmou que atingiu "dezenas de alvos do Hezbollah" na cidade do sul do Líbano, incluindo "infraestruturas terroristas, centros de comando do Hezbollah e instalações de armazenamento de armas".

Desde 23 de setembro, quando Israel iniciou a campanha de ataques no Líbano, pelo menos 1.356 pessoas morreram no país, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Além disso, a intervenção israelita forçou quase 700 mil pessoas deslocadas, a abandonarem as suas casas, segundo a ONU.

Após quase um ano de confrontos com o Hezbollah na fronteira israelense-libanesa e depois de enfraquecer o Hamas na Faixa de Gaza, em meados de setembro o Exército israelita modificou o foco da guerra para o Líbano, onde intensificou os ataques contra os redutos do movimento xiita.

O objetivo é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças e acabar com os lançamentos de roquetes para que quase 60 mil israelitas deslocados possam voltar a casa.

O Hezbollah, que alegou agir em apoio ao Hamas, abriu uma frente contra Israel a 8 de outubro de 2023, um dia depois do ataque executado pelos islamistas palestinos em Israel que desencadeou a guerra em Gaza.

Nesta quarta-feira, o movimento islamista anunciou que lançou um míssil teleguiado contra um tanque israelense na zona de fronteira.

O número dois do movimento xiita, Naim Qasem, alertou na terça-feira que seu grupo executaria ataques em "todo" Israel e insistiu que "a solução" para acabar com a guerra no Líbano é um "cessar-fogo".

Mas o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu descartou a possibilidade de um cessar-fogo "unilateral" que, segundo ele, não impediria o reagrupamento na fronteira dos combatentes do Hezbollah.

 "Esforços para proteger a paz"?

Enquanto prossegue com a guerra contra o Hezbollah no Líbano e contra o Hamas na Faixa de Gaza, os israelitas continuam a preparar uma resposta ao ataque com mísseis do Irão no dia 1 de outubro.

O ministro das Relações Exteriores do Irão, Abbas Araqchi, alertou que o país está preparado para dar uma resposta "decisiva" caso Israel decida atacar o seu território, durante uma conversa telefónica com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O chanceler, que está numa viagem pela região, afirmou que Irão se esforça para "proteger a paz e a segurança da região".

O presidente iraniano, Massud Pezeshkian, pediu mais pressão sobre os aliados de Israel para acabar com os "massacres" em Gaza e no Líbano.

O que se passa em Gaza

Em Gaza, as tropas de Israel prosseguem com a ofensiva no norte do território, em particular em Jabaliya, onde, afirma, o Hamas tenta reconstituir as suas forças.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.206 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento baseado em números oficiais israelenses, que inclui os reféns que morreram em cativeiro em Gaza.

Pelo menos 42.409 palestinianos morreram, a maioria civis, na ofensiva de retaliação de Israel em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.