Depois da queda do ditador Ben Ali, em 2011, o país voltou a enfrentar uma crise política em 2013. Numa fase de motins e protestos generalizados, o Quarteto de Diálogo conseguiu travar a iminência de uma guerra civil através de um processo “pacífico e político” que levou à escolha de um governo de transição, à redação de uma nova Constituição e à realização de eleições em 2014.

O sindicato da União Geral dos Trabalhadores da Tunísia, a Confederação da Indústria, Comércio e Artesanato, a Liga dos Direitos Humanos da Tunísia e a Ordem Nacional dos Advogados formam este “quarteto fantástico” que ajudou na manutenção da democracia na Tunísia. A comunidade internacional não demorou a reagir à entrega do Nobel da Paz.

"É uma homenagem aos mártires da democracia tunisiana", disse o secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores da Tunísia. "Este esforço feito pela nossa juventude permitiu que o país virasse a página da ditadura", acrescentou Houcine Abassi.

"Não é apenas uma homenagem ao Quarteto, o prémio consagra o caminho que escolhemos, o de encontrar soluções consensuais", declarou o presidente da Tunísia. "A Tunísia não tem outra solução que não o diálogo, apesar das divergências ideológicas", acrescentou Béji Caïd Essebsi.

"O Nobel consagra o êxito da transição democrática na Tunísia", disse o presidente da França, François Hollande.

"O Nobel da Paz ao Quarteto do Diálogo Nacional tunisiano mostra o caminho para resolver as crises na região: unidade nacional e democracia", escreveu no Twitter a chefe da diplomacia europeia Federica Mogherini.

Nobel da Paz em tempos de guerra

Outros países, influenciados pela Tunísia, revoltaram-se contra os seus governos, mas ainda não saíram de uma espiral de conflitos. Ainda hoje, a Síria enfrenta os ecos da Primavera Árabe, um dos motivos da guerra civil que assola o país e que está a causar a pior crise humanitária de refugiados desde a II Guerra Mundial. Egito, Líbia e Iémen conseguiram derrubar governos, mas continuam mergulhados em conflitos e violência.

Embora a Tunísia tenha alcançado a transição política, enfrenta desafios económicos e de segurança, com conflitos regionais e ataques extremistas. O país sofreu dois atentados em 2015: no Museu do Bardo, em março, que causou a morte de 22 pessoas, e num resort em Sousse, em junho, onde morreram 38 pessoas.