“É a única solução. Já falei por telefone com a administração” do hospital e “a alternativa mais rápida e mais óbvia será a prestação de serviços”, explicou José Robalo à agência Lusa.
O responsável, que reagia ao documento assinado pelos pediatras do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), em que alertam para o risco de rotura da Urgência Pediátrica, referiu que o HESE já recorre à contratação de médicos tarefeiros para o serviço.
“O serviço de Urgência já funciona com apoio de médicos em prestação de serviços”, além dos “sete dos 22 pediatras do HESE” que entram na escala e dos “oito internos da especialidade que também ajudam”, afirmou.
Agora, “vamos tentar arranjar mais para que não haja nenhuma rotura de serviços”, frisou José Robalo, argumentando que, desta forma, a ARS espera “que se consiga ultrapassar esta questão”, pelo menos no que respeita “ao curto prazo”.
O presidente da ARS garantiu que não vai permitir qualquer rotura da urgência em Évora: “Faremos tudo para que seja garantida com qualidade a continuidade dos cuidados de Pediatria”.
No documento, ao qual a Lusa teve hoje acesso, os pediatras do HESE alertam que “a escala de Urgência de Pediatria está atualmente em rotura”, devido à falta de especialistas, e arrisca-se a ficar, “já este mês”, com “períodos de 12 horas sem pediatra”.
“Temos atualmente uma equipa exausta, envelhecida, insuficiente para assegurar as necessidades do serviço” e que “trabalha para além dos limites legais e humanamente razoáveis”, avisam.
O documento foi subscrito por 21 dos 22 pediatras do serviço (o que não assinou está de baixa). A escala da urgência é assegurada por sete destes profissionais e os restantes estão dispensados devido à idade ou por integrarem a Urgência da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, pode ler-se.
“Estes pediatras são manifestamente insuficientes para o preenchimento dos turnos, pelo que tem sido necessário recorrer à contratação de tarefeiros para a primeira linha”, mas esta “tem sido inferior às necessidades do serviço” e só “assegura dois períodos de 12 horas por mês”, dizem os subscritores do documento.
Perante esta situação, os clínicos contestam também que, no atual concurso para colocação de especialistas, não tenham sido “abertas vagas para a contratação de pediatras” para o HESE.
Confrontado pela Lusa, o presidente da ARS reconheceu que, “em termos de concursos, provavelmente não vai ser possível obter a curto prazo uma solução rápida, uma vez que não há pediatras disponíveis para se poderem fazer contratos a termo”.
“Neste concurso, temos algumas vagas para a região, mas os pediatras também fazem falta nas outras unidades” da região e é preciso corrigir “os desequilíbrios que existem”, para garantir “equidade na prestação de cuidados ao nível do Alentejo”, afirmou.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, defendeu hoje, em declarações à Lusa, que a solução para a falta de pediatras no HESE passa pela “contratação efetiva” de profissionais para os quadros da unidade.
Comentários