Em comunicado, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) adianta ter promovido três concursos públicos com vista à instalação provisória em contentores de serviços do hospital: as consultas de pediatria e dermatologia no centro de ambulatório – consultas externas; o serviço de recursos humanos, “de forma a permitir a abertura de nova Unidade de Cuidados Paliativos de Elevada Diferenciação no espaço previamente ocupado por aquele serviço”; e para expansão do serviço de gastrenterologia.

A administração do São João esclarece ter também desencadeado, “poucos meses após o seu início de funções, negociações com a empresa fornecedora de serviços de aluguer de contentores onde estão alojadas áreas de internamento não transferíveis, no sentido de diminuir os valores que estavam a ser pagos”, o que permitiu uma “diminuição da despesa com aluguer de contentores de 2016 para 2017”.

Este esclarecimento do Hospital de São João surge após o Ministério Público ter informado a agência Lusa, na quinta-feira, que está a recolher elementos sobre os contratos de aluguer dos contentores onde funcionam alguns serviços do hospital portuense, "com vista a decidir se há procedimentos a desencadear no âmbito das respetivas competências".

Esta recolha de elementos surge depois de a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, em entrevista à Lusa, ter pedido uma investigação a estes contratos, afirmando que “o nome das empresas [contratadas] muda sistematicamente”, mas “a pessoa é sempre a mesma”.

Ana Rita Cavaco questionou os contratos, lembrando que estão em causa “milhares de euros” gastos por mês.

“Aqueles contentores custam milhares de euros por mês ao Estado. Se calhar já tínhamos construído outro hospital de São João ao longo destes anos com aquele dinheiro. O mais engraçado é olhar para o nome das empresas a quem os contentores são contratualizados. A pessoa é sempre a mesma, mas o nome da empresa muda sistematicamente”, afirmou.

No comunicado hoje emitido, a administração do São João esclarece ainda que o serviço de neurocirurgia daquele hospital “está instalado em instalações provisórias em contentores há mais de dez anos”, mas será transferido para instalações definitivas em janeiro do próximo ano.

“A instalação deste serviço clínico nos contentores seria provisória por um período de três anos, mas atendendo ao período de ajustamento económico e financeiro que o país atravessou, não foi possível o investimento necessário à mudança de instalações”, refere.

Contudo, salienta, já com esta administração do hospital “a situação foi resolvida, estando neste momento a obra para o internamento de neurocirurgia em execução, devendo este serviço ser transferido para instalações definitivas em janeiro de 2019”.

Relativamente aos contentores onde desde junho de 2011 funciona o internamento de pediatria, o hospital salienta que “não representam mais do que 10% da atividade clínica do Centro Pediátrico Integrado CHSJ” e sustenta que “não foi possível o investimento necessário à mudança de instalações” porque “nunca se concretizou a disponibilidade financeira para a construção de uma nova ala pediátrica”.

A este propósito, recorda que “já com esta administração” foi assinado em junho de 2017 um protocolo entre a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a Administração Regional de Saúde (ARS) Norte e o CHSJ “onde ficou acordado avançar com a construção da nova ala pediátrica com financiamento público”.

Uma situação que, refere, “aguarda autorização de utilização das verbas por despacho conjunto do Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças para que se possa iniciar procedimento concursal”.