Esta é uma das novidades no serviço de urgência do São José, que começou a funcionar há cerca de duas semanas, a par com a criação da figura do hospedeiro, um profissional que na urgência faz a ligação entre os utentes, os acompanhantes e os restantes profissionais de saúde.

Em entrevista à agência Lusa, a presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), que integra o São José, explicou que a consulta pós-urgência tem o objetivo de evitar internamentos desnecessários, garantindo acompanhamento no espaço de 24 a 72 horas.

Cabe aos médicos de medicina interna em serviço na urgência identificar os utentes que podem ir para casa mas que precisam de uma avaliação médica no prazo de três dias, encaminhando o doente para essa consulta pós-urgência.

Até à efetivação da consulta, um enfermeiro ou um médico fazem contactos telefónicos com o doente e com a família para perceber a evolução da situação.

Segundo a presidente do CHULC, Rosa Valente Matos, esta consulta tem também o objetivo de reduzir a procura das urgências por parte dos utilizadores frequentes.

“Temos o levantamento dos frequentadores que vêm mais de quatro vezes por ano à nossa urgência. Pretendemos retirá-los do serviço de urgência e encaminhá-los, sim, para o seu médico de família ou centro de saúde”, defendeu a responsável.

Para isso, a consulta pós-urgência contacta diretamente com o centro de saúde da área de residência do doente, de forma a poder encaminhá-lo para um correto encaminhamento.

“Temos uma boa articulação. E é tudo feito sem papel e o doente tem pouca interferência em termos de processo. Garantindo que tudo lhe é facilitado e que não anda perdido no sistema, com uma verdadeira integração de cuidados. Pretende-se que o doente perceba que há uma equipa no hospital e no centro de saúde”, explicou Rosa Valente Matos.

Em duas semanas de funcionamento, esta consulta pós-urgência já conseguiu evitar o internamento de pelo menos 10 doentes.

A urgência do São José decidiu também criar a figura do hospedeiro, com o objetivo de orientar ou apoiar os doentes enquanto estão ou aguardam na urgência, bem como os seus familiares.

A função foi criada há cerca de sete meses e, segundo a presidente do Centro Hospitalar, tem ajudado não só os doentes como todos os outros profissionais de saúde, libertando-os para as suas funções essenciais.

“Retirou stress dos profissionais. As pessoas deixaram de correr à procura do médico ou enfermeiro a pedir informações. Muitas vezes, os hospedeiros apoiam os utentes até no ato de ir tomar um café ao bar ou levando informação ao familiar que está na sala de espera”, exemplificou Rosa Matos.

Até ao momento, a função conta com três elementos, que asseguram a urgência das 10:00 às 23:00 durante a semana e aos fins de semana e feriados em horário mais reduzido.

Sofia Oliveira, uma das hospedeiras, resume os objetivos da sua função: “o principal é fazer de elo de ligação entre profissionais, utentes e acompanhantes. As pessoas sentem necessidade de informação, de ajuda para saber como está a sua situação. Tentamos fazer a ligação com quem pode informar”.

É também uma forma de tranquilizar utentes e famílias que “muitas vezes estão muitas horas à espera”, sempre com a vertente do serviço social, fundamental num hospital que abrange uma população envelhecida.

Para a hospedeira, esta tarefa tem trazido também maior ânimo profissional: “Saímos de coração cheio, porque é um trabalho de ajuda quem está a precisar. Estamos cá para, de alguma forma, tornar isso possível”.

Novo Hospital de Lisboa “tem mesmo de ser uma realidade” em poucos anos

O futuro Hospital de Lisboa Oriental “tem mesmo de ser uma realidade” porque a estrutura do São José e dos Capuchos já não aguenta muito mais tempo e a nova unidade trará ainda um aumento de produção.

Em entrevista à agência Lusa, a presidente do Centro Hospitalar Lisboa Central, que será substituído pela nova unidade, estima que o futuro Hospital de Lisboa Oriental leve a um aumento de produção de pelo menos 25% em relação ao que atualmente fazem as seis unidades de saúde que vão ser substituídas.

Rosa Valente Matos sublinha que o Lisboa Oriental “tem mesmo de ser uma realidade”, sob pena de terem de se encontrar alternativas.

“O Hospital dos Capuchos não aguenta muito mais tempo, não tem capacidade em termos de infraestrutura para aguentar muito tempo, uns três ou quatro anos, no máximo”, sublinha a responsável.

Também o Hospital de São José “não aguenta muitos mais anos”, sendo que as instalações e estruturas estão velhas, muitas vezes degradadas e necessitariam de obras profundas.

“É impossível fazer grandes obras no São José ou nos Capuchos. Vamos fazendo pequenas obras, porque tem de haver condições mínimas de trabalho. Mas os portugueses não iam perceber se gastássemos uns milhões em São José ou nos Capuchos. Uma coisa é tratar, recuperar, tornar os espaços agradáveis para profissionais e doentes. Outra coisa é fazer grandes obras que ninguém compreenderia”, argumenta Rosa Valente Matos.

Uma das obras em curso em São José é a recuperação e reformulação da urgência, obra que deverá estar concluída durante o mês de janeiro e que representou um investimento de 1,2 milhões de euros, decorrendo sem que o serviço de urgência fosse interrompido.

Rosa Valente Matos calcula que dentro de quatro ou cinco anos as unidades do Lisboa Central possam estar no novo hospital, estimando que a produção e a gestão dos profissionais melhorem com a futura unidade.

“É uma estrutura com seis hospitais. Temos três urgências a funcionar: São José, Estefânia e Maternidade Alfredo da Costa. Imagine-se tudo isto concentrado. Em termos de produção, aumentaria no mínimo 25%. Até a gestão de recursos humanos seria diferente” defende.

Oito empresas chegaram a apresentar já propostas no concurso público internacional para a construção e manutenção do futuro Hospital de Lisboa Oriental.

O concurso público internacional em curso visa a conceção e construção do Hospital de Lisboa Oriental, em regime de Parceria Público-Privada nesta parte da construção e não na gestão clínica.

A instalar em Marvila numa área de 180.000 m2, o novo hospital poderá estar construído em 2023 e terá uma capacidade mínima de 875 camas. O hospital vai representar para o operador privado um investimento de cerca de 330 milhões de euros e, para o Estado, estima-se uma renda anual que poderá rondar os 16 milhões de euros durante 27 anos do contrato.

(Notícia atualizada às 08h22)