Também conhecido como a Nossa Senhora de Kazan ou Mãe de Deus de Kazan, a imagem, que aparece dentro de uma placa de prata dourada rodeada de uma dezena de pedras preciosas, está colocada no primeiro andar do simples e quase despercebido mosteiro de Theotokos, situado a poucos metros do Kremlin da cidade.
Lá fora, numa rua com pouco movimento, quem por lá passa e não sabe, dificilmente se apercebe que dentro deste edifício branco com metade em obras e outra parte em mau estado, está exposto um símbolo histórico e um dos mais venerados pelos católicos em todo o país.
Aliás, um local que nem aparece nos mapas nem nas listas de atrações da cidade que são distribuídas aos turistas.
Só mesmo junto à entrada, bastante humilde, aparece a primeira referência ao Ícone de Kazan, com uma pequena imagem situada em cima da porta.
Tudo muda de figura quando se chega ao primeiro andar, após subir umas escadas também degradadas, e numa porta à esquerda aparece o acesso ao altar, todo ele dourado e rodeado de velas.
Em apenas uma hora, praticamente uma centena de fiéis entrou e saiu pela porta do mosteiro, sempre em silêncio absoluto, e grande parte mulheres, de todas as idades.
Enquanto os homens estão impedidos de visitar o Ícone de calções ou de chapéu, as mulheres são obrigadas a colocar um lenço na cabeça.
Só nesta ampla sala existem quatro câmaras de segurança e é estritamente proibido tirar qualquer fotografia ou filmar o local.
No fim de cada oração, os fiéis normalmente ajoelham-se na frente do Ícone de Kazan e, quando se levantam, beijam a placa.
Ainda dentro da sala, existe uma pequena bancada em que vendem réplicas da Mãe de Deus de Kazan, com preços que vão dos 2.500 aos 100 mil rublos (40 aos 1.600 euros).
O Ícone de Kazan, que de acordo com a lenda existe desde 1438, embora o original já terá sido destruído, desapareceu da Rússia no início do século XX e ressurgiu décadas mais tarde, no final dos anos 1960, num leilão em Nova Iorque.
Na altura, o símbolo foi adquirido pelo chamado Exército Azul de Nossa Senhora e enviado para Fátima, onde permaneceu entre 1973 e 1993, com a promessa que regressaria à Rússia após a queda do regime comunista.
Durante uma década, entre 1993 e 2004, o Ícone ficou no Vaticano na posse do Papa João Paulo II, que tentou várias vezes, pessoalmente e sem sucesso, que o símbolo fosse colocado novamente em solo russo. Poucos meses antes de o papa morrer, acabou por acontecer.
Comentários